Simpatia, muita habilidade com a bandeja na mão, satisfação em atender bem as pessoas e, principalmente, honestidade. Estes são os segredos que levaram Thomas Redemerski a chegar aos 40 anos de profissão como um dos garçons mais requisitados para as festas glamourosas de Joinville e Região. Isso sem falar na disposição, de dar inveja em muito jovem.

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Aos 69 anos, sempre que tem uma folga, Thomas aproveita para pegar a bicicleta e pedalar até Barra Velha, só para comprar um peixe fresco. Detalhe: ele mora em Joinville, no bairro Anita Garibaldi, e percorre 40 quilômetros só neste percurso de ida e volta, pela BR-101.

– E já aconteceu de o pneu furar e eu ter que voltar a pé – conta.

Mas qual é o segredo para toda essa jovialidade? Talvez venha das verduras frescas e sem agrotóxico, cultivadas por ele, com todo o carinho, nos fundos da casa.

– Cuidar da horta é meu segundo hobby, acordo cedinho e já vou pra lá – diz.

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Outro ingrediente para a fórmula de sucesso de Thomas é, sem dúvida, o amor da companheira, Ingrit. Este ano, o casal completará 45 anos de casamento e essa relação também sempre foi regada com muito carinho.

Para compensar a ausência até tarde da noite, sempre que volta de uma festa, Thomas traz um arranjo de flores, um docinho, uma lembrancinha.

– No começo, guardava de lembrança, mas já estava começando a faltar espaço na estante para tantos vasinhos – brinca Dona Ingrit.

Mas o que Thomas coleciona mesmo, destes 40 anos de profissão, são, sem dúvida, as amizades e muitas histórias para contar, sobre as festas mais badaladas da cidade, na casa de prefeitos, empresários, médicos e nos clubes. Atualmente, Thomas atua na Delicatesse Viktória, na rua Felipe Schmidt, e em eventos. Mas, saudosista, ele diz que os tempos são outros.

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– Sinto falta daquele tempo dos grandes bailes na Harmonia-Lyra, no Tênis Clube, nos Sargentos, nos Ginásticos – conta.

– Na Lyra, na década de 80 e 90, os jantares eram todos serviços à francesa, e eu ensinei muita gente a trabalhar como garçom naquela época – lembra, com saudades dos tempos áureos.

– Até as gorjetas, não são mais as mesmas.

Segundo ele, os jovens de hoje já não valorizam mais o trabalho do garçom como antigamente.

Mas uma prova de que um bom garçom sempre é lembrado com carinho veio esses dias. A bicicleta de Thomas foi roubada. E quando ele chegou para trabalhar de garçom, na casa de um empresário joinvilense, assim que as pessoas souberam do roubo, todos que estavam na festa se prontificaram a contribuir e comprar uma bicicleta novinha para Thomas continuar trabalhando, pedalando por aí e ensinando a muitos outros garçons a arte do bem-servir.

Qual foi a lição número um que Thomas aprendeu como garçom?

– Cuidar para o cliente não fugir sem pagar a conta. Na minha primeira noite de trabalho, nos Ginásticos, trabalhei a noite inteira e saí sem receber nada, porque um pessoal saiu sem pagar e fiquei no prejuízo, mas também aprendi para a vida toda -conta.

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Quanto ao equilíbrio, com a bandeja na mão, Thomas se orgulha de nunca ter derrubado nada. E sobre os bilhetes que entregava para as moças da mesa ao lado, a pedido de clientes, sabe-se lá quantos casais Thomas já uniu. Segundo ele, garçom, além de discreto e amigo, tem que ser um pouco cupido.