Caras de Joinville: 90 anos de serenidade e otimismo

Com a feição serena e ostentando as marcas de mais de 90 anos de vida em seu rosto, o búlgaro Peter Michaelow, que veio para o Brasil após a Segunda Guerra Mundial e há pelo menos sete anos vive em Joinville, tem muito a ensinar.

A pobreza que passou a imperar na Europa do pós-guerra fizeram com que Peter, que anos antes havia trocado a Bulgária pela Alemanha para cursar engenharia civil, escolhesse o Brasil para fazer carreira.

No Rio de Janeiro, ele e a esposa, Margareta Pavileta Michaelow, tiveram os dois filhos e construíram uma vida baseada no respeito e no amor que sentiam um pelo outro.

– Quando ela faleceu, foi um baque para nós. Emagreci 15 quilos, foi horrível, fiquei perdido -, lembra.

Foi também no Rio de Janeiro que Peter construiu a trajetória profissional. Ele começou em uma empresa que fazia projetos para a Petrobras e, após ter o trabalho reconhecido, recebeu uma proposta da estatal, onde trabalhou por mais de 30 anos.

Na Petrobras, teve a oportunidade de se especializar na construção de plataformas e na prospecção de petróleo em grandes profundidades, já que foi três vezes aos Estados Unidos para fazer cursos.

Mas a literatura é a grande paixão de Peter. No Ancianato Bethesda, onde vive atualmente, ele não abre mão de ler bons livros.

– A literatura amplia nossos conhecimentos e nossos horizontes para entender melhor a vida -, diz.

Peter conheceu Joinville após um de seus filhos, que mora em Curitiba, comprar uma chácara na cidade. Ele acredita que morar aqui foi a melhor escolha que poderia ter feito, não apenas para a sua segurança, mas também por se tratar de um local agradável onde fez muitos amigos.

Hoje, apesar de viver em Joinville, enquanto os filhos moram no Rio de Janeiro e em Curitiba, afirma não se sentir sozinho. E aceita o envelhecimento com naturalidade.

– Temos que aceitar isso como uma mudança normal -, declara.

A receita que o aposentado dá para quem pretende chegar aos 90 anos com lucidez assim como ele é a leitura frequente e o otimismo. Bastante alegre, Peter garante que o segredo é nunca deixar de acreditar na vida.