O perfil das crianças adotadas e pretendidas para adoção no Rio Grande do Sul, tradicionalmente brancas e de até dois anos de idade, vem se diversificando nos últimos anos. A proporção de meninos e meninas negros ou morenos que encontraram um lar aumentou quase um terço em cinco anos, crescimento semelhante ao registrado entre o contingente com três anos ou mais.
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Registros do Juizado da Infância e da Juventude revelam que, entre 2004 e o ano passado, bebês e crianças que costumavam penar à espera de uma nova família multiplicaram suas chances de deixarem seus abrigos. Há cinco anos, das 627 crianças com informação disponível sobre faixa etária que foram adotadas, 52% tinham mais de dois anos. No ano passado, com base em informações de 739 crianças, essa proporção subiu para 64% – um crescimento proporcional de 23%.
Em relação à cor da pele, outro dos principais obstáculos para meninos e meninas conseguirem ser aceitos por uma nova família, o perfil também é cada vez mais variado no Rio Grande do Sul. Em 2004, das 304 adoções registradas com informação sobre a etnia, 16,1% envolviam crianças negras ou morenas – índice que subiu para 20,6% das 354 adoções registradas com dado sobre a cor da pele em 2009 – salto de 27,9%.
Para o juiz da 2ª Vara da Infância e da Juventude da Capital, José Antônio Daltoé Cezar, os números refletem um fenômeno que vem se intensificando nos últimos anos:
– Isso demonstra uma alteração na sociedade, uma maior conscientização, uma evolução natural.
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Como as barreiras de idade e etnia vão sendo superadas, ainda que não completamente, o Juizado da Infância e da Juventude começa a estabelecer novos focos de atuação a fim de aprimorar o sistema gaúcho de adoção. Hoje, uma das principais metas é estimular a adoção de irmãos. As mudanças percebidas em solo gaúcho são confirmadas por dados nacionais do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Mudanças nas exigências
Conforme reportagem publicada na edição de domingo do jornal Folha de S.Paulo, em todo o país o número de pretendentes que exigem uma criança branca para adotar caiu de 70%, em 2008, para 38%, atualmente.