Reconhecida mundialmente pelas praias e pelo turismo, a Capital catarinense conquistou independência econômica das temporadas de verão. A aposta no polo tecnológico está dando tão certo que falta mão de obra para o setor.

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Entre os catarinenses, é comum a crença de que o mercado de trabalho, em Florianópolis, gira em torno do turismo e do funcionalismo público. Há cerca de cinco anos, porém, começaram a surgir notícias de que um novo setor na Capital estava superando a arrecadação de impostos municipais do turismo.

Era o de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), uma atividade que remete a investimentos em pesquisa, ensino, desenvolvimento e altos salários.

Moacir Marafon, sócio de uma das empresas mais antigas de TIC em Florianópolis, a Softplan, afirma que, por volta de 2007, o setor começou a crescer até 20% a 30% ao ano na Capital, pelo próprio aquecimento da economia, no Brasil, e pela força da atividade no mundo, que crescia de até 15% por ano.

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Apesar de parecer novidade, o setor de TIC em Florianópolis tem, no mínimo, 25 anos. A empresa de Marafon e dos sócios Ilson Stabile e Carlos Augusto de Matos nasceu há 22 anos e cresceu junto com o setor.

Florianópolis encontrava barreiras para investir em fábricas tradicionais por restrições ambientais, mas tinha caminho livre para desenvolver esta indústria limpa e silenciosa.

– Enquanto em outras cidades as empresas desenvolvem programas por encomenda, na Capital a vocação é criar soluções para diversas áreas. Aqui, desenvolvemos produtos.

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Outro sócio da empresa, Ilson Stabile, alerta que a atividade peca na formação de profissionais qualificados. O contrassenso é que não faltam oportunidades. A Softplan, por exemplo, neste ano, contratou 579 funcionários, 200 apenas para o projeto de informatização do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Conforme pesquisa da Associação das Empresas de Tecnologia de SC (Acate), até 2015, 11.771 vagas serão abertas pelo setor em SC. No ano passado, as empresas de TIC faturaram R$ 958 milhões só em Florianópolis. Para 2012, a expectativa do setor é ultrapassar R$ 1 bilhão de faturamento.

Mas é impossível falar da economia da Capital sem considerar comércio e serviços. Segundo levantamento do Ministério do Trabalho e Emprego, os dois setores são responsáveis por 85,2% dos empregos formais em Florianópolis em 2012. São mais de 31 mil estabelecimentos, que empregam cerca de 144 mil pessoas.

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O empresário Rodrigo Bortolini afirma que o setor vem ganhando ainda mais força e até independência do seu grande impulsionador, o turismo. Há 14 anos, Bortolini tem uma casa de sucos na Praia de Canasvieiras. E, motivado pela carência de opções no Norte da Ilha, o empresário inaugurou a Churrascaria 100 Tenário, na SC-401, há dois meses.

Ele conta que a sua casa de sucos nunca faturou tanto quanto nos últimos 12 meses, quando o negócio registrou o dobro das vendas do ano passado. Para Bortolini, este é o momento da virada do setor em Florianópolis, porque os restaurantes estão conseguindo faturar também na baixa temporada.

O empresário atribui o movimento de consumidores durante o ano todo às mudanças dos bairros de praia, que se tornaram atrativos para morar e não apenas para passar o verão.

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– Este é o momento que tanto esperávamos – diz, destacando que seu novo negócio está melhor do que o imaginado, com movimento de 350 a 400 pessoas por final de semana.

Na opinião do premiado chef Vitor Gomes, do bistrô Ponto G, de Santo Antônio de Lisboa, todo o mercado gastronômico de SC deu um salto nos últimos 10 anos com a profissionalização de fornecedores e supermercados.

Nova liderança

O faturamento de R$ 1 bilhão do polo tecnológico da Capital, que deve ser atingido em 2012, coloca a atividade em primeiro lugar no ranking de arrecadação municipal, ultrapassando o tradicional setor de turismo.

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