
— Tem um jornalista daqui, meio tolo, que insiste em fazer uma entrevista comigo num desses programas de TV onde um fica de frente pro outro, sabe? Só que o abobado quer se mostrar mais que o convidado com perguntas “inteligentes”. Isso na imaginação dele… Já vi o “typ” algumas vezes, se acha estiloso, faz caras e bocas, imposta a voz e inventa suspenses. Tudo meio invasivo. Mein Gott…
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— E por isso você nunca aceitou…
— Nón! Esse cara eu tiro de letrra, pode me perguntar o que quiser. Eu ánts não queria ir, mas agora é que eu vou…
— O que te fez mudar de ideia?
— Jornalista nón pode ser burro demais! Precisa ter preparo, conhecimentos gerais, cultura gerrraaal!!! Viu?
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— Mas o que houve, meu Deus?!
— Eu estava no café com uns amigos e, você sabe, a gente gosta de discutir astrofísica, possíveis viagens interplanetárias, essas coisas. Aí me chega o tal jornalista, entra de perru na conversa e lá pelas tantas bate com o punho na mesa – pám! – dizendo que finalmente, depois de anos matutando, entendeu a Teoria da Relatividade de Einstein. Paramos pra ouvir. E ele arrematou com voz de Cid Moreira: “A Lua gira ao redor da Terra; Terra e Lua e todos os outros planetas do Sistema Solar giram ao redor do Sol; o Sistema Solar, por sua vez, gira ao redor de algum outro corpo celeste mais forte; este corpo ao levar consigo esse monte de planetas e estrelas, descreve outra órbita ao redor de algo com força gravitacional ainda maior, e assim infinitamente. Essa é a Lei da Relatividade! Os corpos celestes girando uns ao redor dos outros!”.
— Por isso você decidiu dar a entrevista?
— Klar! Prra lembrar ao público de outra lei de Einstein.
— Qual?
— “Há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana. Mas sobre o Universo não tenho tanta certeza”. Gostou da historrinha?
— Vou publicar.