O que exatamente entendemos por educação? A propósito, acabo de ler um interessante texto do publicitário Nizan Guanaes, “Procura-se uma Nova Classe Alta”, no qual dá tintas claras ao que os mais atentos caros e pacientes leitores possivelmente já perceberam. Adaptei a introdução:
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“O que americanos e ingleses sofisticados têm em comum? Cultura. Livros e dinheiro é mistura perfeita para ser elegante, ter savoir-faire e bom gosto. Infelizmente o Brasil, contumaz imitador desses países, ainda não aprendeu a copiar isto. A pobreza do riquinho dos camarotes, estampada nas revistas de fofocas, mostra uma classe alta inculta beirando o constrangimento num país pleno de desigualdades. Ninguém afeito a livros será capaz de, num mundo desigual como o nosso, abrir champanhes ao rufar de tambores. Dinheiro sem livros faz garotos ruidosos e meninas caladas, vestidos com as melhores grifes, mas sem saber se comportar no mundo”. Perfeito!
Na posse de Vovó Metralha, sem exagero, fiquei besta quando a “prisidenta” arrotou sem acanhamento o lema para seu segundo mandato: “Brasil, pátria educadora”. Esta senhora, visivelmente um ser iletrado, não teve o menor pudor nem se deu ao trabalho de ir às opiniões antes de papaguear um disparate desses.
No momento estou lendo – tardiamente, reconheço – 1822, de Laurentino Gomes. O cenário descrito por Nizan, grosso modo, pouco mudou desde a chegada dos lusos em Vera Cruz. Se hoje incrustados na Comunidade Europeia, com muito melhores números em relação à terra do samba, não os isenta de terem cevado nosso atraso (de quebra também nos legaram tolos nomes para os dias da semana).
Antes da Independência, o mundo já experimentava bafejos de avanço na ciência, tecnologia, direitos humanos etc., enquanto suportávamos as agruras da exploração e o forte cerceamento da Coroa Portuguesa frente a maiores liberdades da imprensa e cabeças mais arejadas da Colônia. Éramos 90% de analfabetos. Fomos os últimos a abolir a escravatura.
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Se aqui, depois desses 12 anos, conseguiram piorar o que já era ruim, como se autorizar pátria educadora? Volto ao Nizan: “A classe alta não fala inglês e fala mal o português. A vida social em Nova York e Londres está dentro das universidades e museus, mesclando caridade, diversão e cultura. As locomotivas sociais são enciclopédias vivas. Sem refinamento intelectual, seremos sempre caipiras, mesmo com as melhores roupas, aviões e carros”.
Bem melhor se os Rasputins do Planalto, abonados comunistoides, admitissem abertamente nossa péssima educação, começando pela “prisidenta”: mentirosa na posse e escafedida por 30 dias.