Bom dia, meu caro João-Teimoso. Hoje, se me deres atenção, gostaria de levar uma prosa contigo. Toma lugar, me faça esse obséquio. Pega uma bebida, te acalma. Eu preciso muito saber de ti, me ouve. Diga lá, qual substância corre em tuas veias e como se comportam os processos psíquicos em tua consciência. Como te sentes? Quem és tu, afinal, João-Teimoso de 2016? Vê só: no início deste século, em clima democrático, ambos apostamos na promessa de um Brasil livre de corrupção. O filme é conhecido: logo testemunhamos um país saqueado e arrasado por aproveitadores vestindo ideologia barata e falso moralismo. Isso lá no teu íntimo é ponto pacífico, espero. Esses depositários da nossa confiança nos jogaram abertamente numa ruína sem precedentes. Mas tu, apesar da catástrofe, optaste por ouvidos moucos e passaste a lhes dedicar um fanatismo feroz e inabalável.
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E o Brasil se dividiu. Estes fatos já não são mais questionáveis, caro João-Teimoso, mas me explica pelo menos a origem da tua profunda cegueira, o nonsense e teu imenso desprezo por quem só quer de volta um mínimo de ordem e segurança. De onde ainda tiras o ímpeto de fixar em tua sacada faixa com o nome da nossa inepta, mal intencionada, destemperada, antipática e pior presidenta? De qual canto de tuas vísceras vem sempre aprovações às mais evidentes sandices cometidas pelo lulopetismo e seus tentáculos? Como avalias, para ficar num exemplo, a seca Brasília acomodando 45 mil “pescadores” recebendo auxílio-defeso? Conta-me por que te comovem as “democracias” de Cuba e Venezuela. E os ensinamentos esquerdopatas a discípulos de cérebro ainda sem filtro? Também aplaudes a caricata Marilena Chauí urrando ódio à classe média e, num surto de má adaptação à realidade, imaginando americanos na cobiça do pré-sal. Silencias diante do assassinato de Celso Daniel; da mordomia quatro carros blindados à disposição da família da filha da destituída presidenta. E o que há de tão encantador no déspota Maduro? Não diga que esperas um diálogo com o Estado Islâmico! E qual é tua definição, João-Teimoso, de bolivarianismo, de esquerda e direita, de elite branca? Difícil, né? Acreditaste mesmo quando Lula cuspiu não haver viva alma nesse país mais honesta que a dele? Ainda não te ocorreu que repetir a exaustão golpe, fascista, burguesia, imperialista, elite… só expõe teu desconhecimento e imaturidade? Por que desdenhas o capitalismo se endeusas os ladravazes tornados milionários à custa dos impostos vindos da produtividade? João-Teimoso, por que ainda compareces, desafiador, de camiseta vermelha a cerimônias que exigem um mínimo de liturgia? Por que te recalcas tanto? O que há de tão vingativo em ver a terra em transe há 13 anos? Enfim, qual é o teu ideal de nação, João-Teimoso?