Vamos de clichê. A mais completa tradução da ruína imputada à nação pelo lulopetismo está sem dúvida no editorial do Estadão do fim da semana passado. “Eis a Verdade”, de José Alfredo Dias, é um sintético quadro em altíssima resolução dos nossos últimos tristes 13 anos. O articulista vai das incontáveis mazelas político-sociais – ene vezes esmiuçadas aqui, lá, acolá e alhures – aos tolos ou interesseiros que nelas se dependuraram. Caso o caro e paciente leitor se interesse pelo artigo, o Google não costuma falhar.
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A essa altura, focar nas manobras sórdidas já não interessa. Prefiro o humor ácido, embora nunca chegue a Millôr. Caros amigos, parentes, colegas de copo e profissão, leitores e inimigos em geral, você são testemunhas! Em momento algum acreditei em Lula, desde meu primeiro contato com a figura pelos jornais em 1980. Metido na fundação do PT, logo vi nesse ser a personificação da má educação, da agressividade, da arrogância e da dissimulação. Tudo estava ali, em preto e branco. Não era preciso recolher afirmações sobre sua aversão à cultura ou ir atrás da sua inexistente escolaridade, nem julgá-lo por ajeitar a genitália por dentro da cueca. Ou, ainda, flagrá-lo, já na época, envolvido em pequenos delitos. Bastavam os olhinhos.
Ah, os olhinhos… Eles traem. Por eles, via-se que mandava às favas uma ideologia pela qual pouco se lhe dava. Ah, livrar os pobres – essa confortável autoimagem e valiosa massa de manobra – da pobreza, pra quê? Exterminar a corrupção? Impulsionar a economia? Não, queridos, com doses de aguardente e palhaçadas chega-se facilmente ao poder pelo sufrágio de desmiolados com índices recordes de analfabetismo e desilusão. “Primeiro a gente pega, depois vê como faz”, lembram?
Sim, pôr o pé em palácio com todos seus prazeres era o sonho exclusivo, nada mais: incalculáveis garrafas de safras premiadas, colheitas tardias, néctares exóticos, toneladas de salivantes acepipes, freezers abarrotados com cortes selecionados de rebanhos da mais nobre linhagem, alcovas em algodão egípcio, a prataria, o serviçal, os rapapés, os áulicos, a frota reluzente, o poder pelo poder, enfim, a magia inebriante e o contraste desse admirável mundo novo. E assim se fez. E os olhinhos brilharam.
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Acostumou-se logo, ficou à vontade no faz-de-conta. Embuchado, arrotou pelos palanques, nas leis, em adversários, no protocolo, na diplomacia. E mentiu muito. Custaram-nos 13 árduos e onerosos anos esta fusão de rei de papel com bobo da corte. No arremate, uma frase do articulista acima para definir quem com seus olhinhos, de infantis a arrogantes, nos meteu nessa: “Nunca antes na história deste país um charlatão foi tão longe”.
Falar em olhinhos infantis, por onde andará François D?Arc d?Hollande?