Terça-feira, 10h: Eis as primeiras tecladas de uma coluna de arremate incerto. Os brasileiros, ainda imersos na ressaca dos protestos e com a politicalha acuada, por ora não sabem onde essa zorra vai parar, mesmo tendo levado às ruas sua indignação “como nunca antes na história desse país”. Os focos são dois: se Nunca Antes assumirá um ministério e se Estela levará um pé na bunda. Alvoroço no vespeiro, economia destroçada, desemprego em alta. Meus sites!

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Quarta-feira, 9h45min: A ópera-bufa nacional tem novo ato. Ontem, Estela e Nunca Antes se reuniram até meia-noite no Palácio da Platitude. Os dois já não se gostam faz tempo. A inapta-arrogante tem queda por Aloísio Mercador, que por sua vez é desafeto de Nunca Antes, postulante à presidência virtual. Entrementes, Policídio entrega a malta panpartidária, engrossada por Pouco A. Temer e Aécio Brumas. Todos negam tudo, mesmo diante das mais audíveis evidências.

Quarta-feira, 12h45min: Blindagem! Platitude anuncia o novo chefe da Casa Civil: ministro Nunca Antes. Analistas deixam escapar a indignação: “será o presidente de fato”, “parlamentarismo de araque”, “não vai reorganizar a economia”, “despautério!”… 17h: Recomeçam as manifestações pelo impeachment, revolta e panelaços por tudo. 20h30min: os apresentadores do Jornal Nacional, de preto, só têm uma notícia de 45 minutos: a fuga. As gravações grampeadas do Nunca Antes, a mando de Dr. Mato O. Moro, vêm a público recheadas de palavrões, chinelices, politicagem barata e culpa na imprensa.

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Quinta-feira, 10h39min: Estela empossa o fujão com o costumeiro “eu queria dizer pra vocês…” recheado de mentiras. As manifestações seguem por todo o Brasil. Em frente ao Platitude grupos pró e contra vão pro pau. Liminar! Dr. Capa Preta acaba com a festa: nada de posse. Comunistoides erguem o punho esquerdo e papagueiam “não haverá golpe!” e “não passarão!” (conhecem a origem do mote?). 16h: Formada a comissão do impeachment com 433 votos a favor x 1. Nunca Antes e Estela estão pela bola 7. Chega! Preciso entregar a coluna. Concluo:

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O Brasil nos últimos treze anos cultivou um previsível ídolo de papel, um tipo mal-educado tomado pela psicose resultante do poder e idolatria dos que não sabem que não sabem. Um período ilusório. Recentemente, em seu depoimento “de rua” ao delegado da Operação Lava-Jato, disse “não sei” 103 vezes e “hein?” 18 vezes. Desavisados ainda insistem em admirá-lo pelo vocabulário chulo, mitomania, palhaçadas, insubordinação, enriquecimento duvidoso, deboche à Constituição e declarada aversão a livros. Remou com sua política pé-de-chinelo contra o estado de direito e quer chamar seu exército vermelho se for pro xilindró.

Em 2003, um colunista PT ironizou: um sobretudo veste melhor Fernando Vaidoso que Nunca Antes. Quero saber sua opinião sobre um uniforme de prisioneiro?