O barraco nacional tomou contornos nunca dantes imaginados na história desse país. Afeitos a atalhos duvidosos para manter as boquinhas, palacianos e congressistas, hoje largamente mapeados em diversas operações da Polícia Federal, mais se parecem àqueles tufos de baratas nas enchentes agarradas aos últimos centímetros secos dos mourões. Poupo-vos de análises repisadas do furdunço, porém, acompanhado de 70% do povão ansioso por uma eficiente faxina no Planalto, faço uma indagação muito da simplesinha à gulosa politicalha: valeu a pena?
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Muitos gerentes dessa ideologia barata, que agora avança sobre a produtividade e achaca os ainda insistentes geradores de empregos, viveram, como se sabe, na clandestinidade durante o período do regime militar: para uns, depurador; outros o têm lúgubre. Travestiram-se de guerrilheiros, sequestradores, assaltantes e assassinos para lutar por uma causa que cada vez mais se revelaria totalitária. Sonhavam ir aos anais como salvadores, sobraram-lhes o desvio de conduta e o despreparo para pensar um país.
O excessivo tempo dessa gente na ilegitimidade rendeu-lhes pífio espírito acadêmico e uma bagagem cultural de ruborizar. Quando finalmente abiscoitaram a faca e o queijo, deu no que deu. Ocupando cargos decisivos devido ao grosso apadrinhamento, nos meteram num atraso de arrepiar paquistanês. Enlearam-se de forma tal num medonho toma-lá-dá-cá que o razoável patrimônio sócio-econômico e industrial – obtido a duras penas e preparado finalmente para entrar nos trilhos – voltou à zona do sucateamento e descrédito. Nunca tivemos no comando alguém com a incompetência e a dislexia de Dilma Vana.
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Além de um presidente da Câmara imerso no mais denso freudismo, o Brasil virou nota de rebaixamento e sinônimo de desemprego, mandados de prisão e busca, bloqueio do WhatsApp, fraudes em fundos de pensão, propinoduto, máfia de toda sorte, campeão de acidentes de trânsito, grave epidemia de mosquitos transmissores, IDH no chinelo, PIB na lama, saúde no pianço, dólar no teto, inflação de dois dígitos, liderança e diplomacia zero e comissões do impeachment formadas a pontapés. Belos 13 anos…
Vivemos 13 anos ao capricho de famintos compulsivos, tolos e desregrados ladravazes. Sim, tolos, pois quando na pele de insurgentes, amargando tensa clandestinidade, rastejando no Araguaia, não lhes era permitido flanar pelas avenidas, ir a uma praça ou jantar em público. No entanto, depois de 13 anos, já virados em convictos capitalistas, continuam hostilizados. Mesmo com toda a dinheirama lhes sugerindo o melhor dos mundos, são vaiados e agredidos nos campos, nas escolas, nas ruas, construções, teatros, restaurantes, aeroportos…
Nasceram para a clandestinidade.