É verdade, doutor Honoris, a zelite torceu o nariz para a Copa. No entanto, pelo apresentado em HD, a coisa não está ruim. Gramados bem acertados, civismo à flor da pele, os bichos-papões da bola tombando cedo e muita “gente branca” de amarelo lotando os exorbitantes estádios. No entorno, o déjà vu: péssimos serviços públicos, corrupção, desorganização, manifestações, notícias abafadas. Mas, como é de costume, o conformismo.

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Surpresa! Ao primeiro apito, apesar de você, já fomos separando o joio. Nem acreditei. Lembro bem: há sete anos lá na Suíça, incluído nas pompas de Zepp Blatter, inebriado, vertendo lágrimas envelhecidas em tonéis escoceses, você dava como favas contadas (talvez duplicadas) ser o dono dessa festa.

Era tudo o que queria. E, confiante nas fanfarrices, imaginou-se hoje buzinando à larga e comandando a massa. Depois, velho palhaço, tantas você fez e nós cansamos. Como já letrou Vinicius, o perdão também cansa de perdoar. Seu mundo foi rodando nas patas da vaidade e do desleixo. Só faziam girar a roda-viva da Receita.

Veio a Copa. E mal os “endinheirados” souberam da presença do “poste” no seu Itaquerão, choveu chuva sem parar de uma nota só – o famoso monossílabo. Tanto riso, tanta alegria, você se escafedeu e sua criatura foi atirada ao azucrino da pátria de chuteiras.

“Não é dinheiro, nem escola, nem título de doutor que dá educação para a pessoa. Educação se recebe dentro de casa”. Bela frase, doutor Honoris! No breu das tocas, entretanto, os registros são outros. Tem sempre um dia em que a casa cai. Da infindável lista de grosserias recolhidas por jornalistas – os independentes -, cito a mais emblemática. Em uma cerimônia, aproximou-se (hic!) de um assecla e disse: “Marco Aurélio, eu já mandei você tomar no (*) hoje?” Bancar o moralista pra cima de quem vive vida de gado, marcado e feliz pela bondade das bolsas, é moleza. Os “Johnnys 18”, porém, trazem o berço à tona.

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Separei mais uma grosseria de seus anos de desgoverno: “Eu tenho vontade de mandar o Kirchner para a (*) que o pariu. A verdade é que nós temos que ter saco para aturar a Argentina. O Chile é uma (*). É uma piada. Eles fazem os acordos lá deles com os americanos. Querem mais é que a gente se (*) por aqui. Eles estão (*) pra nós”.

Exceto a festa – rega-bofe, camarote e fina companhia, dos quais você abdicou receoso das vaias dos “brancos da classe dominante” -, sua nova vida de elite é bastante confortável. Para suas escorchantes e fajutas palestras vai de carrão e seguranças. E só alça voo em jatinhos. Bem, se para esta Copa das Copas restou-lhe apenas o telão na cobertura em São Bernardo, o negócio é sofrer daí mesmo. Aliás, a (*) Argentina e o (*) Chile, já mostraram as travas. Os “brancos” holandeses e alemães, também.

E agora, Honoris? Vai curtir seu deserto, vai. Com uma bebida por perto…