Pelo visto não funcionou: 516 anos foram insuficientes para nos transformar em uma nação educada, de princípios, atenta à Constituição e às instituições. Toda esta zorra, no meu fraco juízo, começou com o tal Vaz de Caminha ao incendiar a cobiça da Corte Portuguesa et caterva com seu “em se plantando tudo dá”. Eta, frasezinha… Devia ter ficado na dele, o pau-mandado. De miserê anunciado, Portugal já não era aquilo tudo quando lhe caiu nas mãos esta mega-sena tropical de abastanças inimagináveis. E a cacalhada, a bordo das frotas subsequentes, em lugar de pensar num planejamento, menor que fosse, preferiu investir em espelhinhos e tratou de apadrinhar o torrão. Deu no que deu.

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O intervalo até o impeachment de domingo passado fica por conta da turma que costuma apossar-se da História. Não, vocês não lerão aqui mais comentários sobre a fauna carnavalesca que expôs o eleitorado nacional na Câmara dos Deputados. Alfinetadas certeiras e brilhantes ironias já nos forneceram Arnaldo Jabor, Diogo Mainardi, Joice Hasselmann, Luiz Gustavo Medina, William Waack, Carlos Alberto Sardenberg, Reinaldo Azevedo, Marcelo Tas e mais uma penca de não-alugados.

Eu sei! Não haverá conserto imediato, nem em médio prazo, do rombo na economia, educação, saúde, infraestrutura, imagem internacional. Mas sabem o que desde o último 17 de abril me dá um espantoso alívio? A perspectiva de não termos mais uma turma mal-ajambrada de posse da caneta. Chega de deselegância, mau português, metáforas inacabadas, mentiras deslavadas, discursos mentirosos, cuspidores de palavrões, frases ininteligíveis, desatenção ao protocolo, gafes diplomáticas.

Eu quero meu “Brasil Mais ou Menos” de volta! Chega de ideólogos recalcados, insufladores de despreparados, projetistas em causa própria, palhaços de palanque, analfabetos sociais, assassinos da gramática, fujões de escola, línguas-de-trapos, chinelões arrogantes… Chega de falsas bolsas, promessas descumpridas, aparelhamento do estado, homenagens a terroristas, rapapés a ditadores, incitadores de movimentos, descabidas e surradas palavras de ordem… Chega de gente que não pensa o país!

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Eu não quero mais saber de Dilma na TV lendo (mal) seus pronunciamentos fajutos escritos pelo estranho Marco Aurélio Garcia, das suas viagens dando piti em piloto, da voz mole do Rui Falcão falando em nome de Lula. Eu não quero mais ouvir áulicos dizendo “presidenta”!

Sim, eu quero pelo menos um chefe de governo com algum refinamento, que tenha curso superior, entenda um relatório, resgate a soberania e o respeito do continente. E uma primeira-dama – por que não? – recatada, que estenda a mão com elegância… e fale! (Tomara).

Chega de desbocamento, irascibilidade e pouca prática.