Semana passada, expressei nestas linhas o desejo de reduzir em doses controladas as tecladas na patifaria política. Meio difícil. Eu não fumo, mas suponho ser como decidir largar o cigarro. Lembra aquele cara que disse ser muito fácil deixar de fumar, pois já tinha conseguido isso umas 30 vezes. Bem, os caros e pacientes leitores certamente devem estar fartos das vergonhosas imagens de depredações, mortes e roubos vindas do Espírito Santo (amém!), decorrentes dos braços cruzados da PM por reivindicar reposição de 40%. O vice-governador afirma: se o estado ceder, quebra. Segundo ele, a situação fiscal está fragilmente equilibrada. E o Brasil, desequilibrado.

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As cenas de rua dos capixabas são apenas uma acanhada amostra da panela de pressão na qual nos transformamos. Estamos bem amoldados à “teoria das vidraças quebradas”, basta uma primeira tijolada na vitrina da loja de eletrodomésticos e as saúvas em êxtase arrasam o estoque em minutos, como fazem os saqueadores de cargas acidentadas e incendiários do transporte coletivo. E, certa da impunidade, a turba munida aos dentes dispara com a maior naturalidade no rosto de um pai de família, este desarmado pela lei. Na Grande Vitória os homicídios hoje ultrapassam a centena. Sim, sem dúvida, a maioria dessas criaturas é carente de nutrição, escolaridade, assistência médica, segurança, justiça, transporte, emprego, noções de cidadania…

No entanto, os vídeos denunciam: classes mais abastadas, em veículos caros, concorrem com os chinelos de dedo para surrupiar um bom televisor, batedeira ou celular. As livrarias estão intactas. Pela banalização da barbárie, as decapitações nas penitenciárias de Natal e Manaus prontamente foram para o arquivo morto (trocadilho involuntário). Enquanto isso, Brasília é uma festa. O Imperador nada mais tem a temer (esse foi de propósito). Tá tudo dominado, todo mundo amigo, negociata de cargos e foros privilegiados comendo solto. O negócio é blindar, preparando a liminar. Não bastasse, a Câmara aprovou pedido de urgência para votar o projeto que livra partidos velhacos de contas rejeitadas. Uma festa. Ok, “o problema do Brasil são os brasileiros”.

Se dona Vana, codinome Janete, antes tocava o carroção na base de grosso asneirol e palavrões, agora seu Michel “por assim dizer” terá encontrado o equilíbrio político? Sei não… Dr. Moro tá vendo. Ainda mais com essas delações tipo salve-se-quem-puder. Falar nisso, Cunha, o Evangélico, se saiu com uma boa diante do doutor: alegou um AVC igualzinho ao que levou dona Marisa e por isso prefere carregar a Cruz em casa (hoje estou demais…). Com essa, Lula deve ter endoidado, provavelmente pedirá royalties.

Pensando bem, não saio do pé desses cacos tão cedo.

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