Estamos atravessando uma das piores fases desde “em se plantando, tudo dá”. A politicalha, de costas, ainda vive no coronelismo; a economia tenta pôr as narinas para fora do lamaçal legado por Lula; a criminalidade está à vontade; a educação é das piores do mundo; a conduta irresponsável e criminosa nas estradas só cresce; raros brasileiros conhecem a significado de ética; em pouco tempo trocaremos o português por uma convenção de fonemas; o voto ainda vem da mera identificação com falastrões; nossa música, talvez a expressão artística mais afinada com a alma, foi desgraçada por imbecis oportunistas… Nesse cenário, quantos indivíduos são dados à luz diariamente?

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Agora a intelectualidade de boteco aparece com uma novidade: apropriação cultural. Que invenção é essa? Os caros e pacientes leitores talvez já saibam do episódio da jovem Thauane na estação de ônibus em Curitiba: usava um turbante por estar com a cabeça raspada, decorrência do tratamento de leucemia. Ela é branca caucasiana. Duas jovens negras se aproximaram para repreendê-la, pois não teria o direito de usar o adereço, próprio da “cultura afro”, e somente os negros podem exibi-lo. Mais: praticava uma violenta “apropriação cultural” (?).

Olha aqui, ó, não é por nada não, mas neguinho (sem trocadilho, por favor) tá viajando na mostarda. De onde tiraram isso? Thauane foi ao Facebook e relatou o constrangimento. O besteirol nas respostas dos autodenominados “progressistas” só acentuou a tolice. “The baddest fimale” se saiu com essa: “vc tem cancer ok triste mas ok isso n lhe da direito de apropriar de uma cultura quer esconder? usa um lenço sei la mas n usa turbante”; “Eduarda” emendou: “tipo ‘tenho câncer, e vou poder fazer o que quiser inclusive desrespeitar sua cultura pq minha doença anula qualquer coisa'”. (Sic) para as duas ininteligibilidades.

Ora, antes de virem com esse pangaré de batalha, procurem saber do enorme esforço que se faz hoje pelas igualdades. Já não bastaram esses 13 anos de “nós” e “eles” e o patrulhamento ideológico bananeiro? Ah, e façam o seguinte: pesquisem a origem e a trajetória dos turbantes através da História e os povos que o usam. Terão uma surpresa.

Se um prosaico turbante causa essa nova modalidade de caça, o que dizer de botas, brincos, clareamento de cabelos, bermudas, sandálias, colares, anéis, chapéus, maquiagem, ervas, tatuagens, batas, jeans… Todos esses penduricalhos e procedimentos tiveram origem em alguma cultura. Há uma frase ótima para arrematar essa conversa: “A imitação é a mais sincera forma de elogio”.

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Melhor seria se as diversas etnias fumassem o cachimbo da paz. Ou teríamos que pedir autorização para alguma tribo indígena americana?