Os acessos bloqueados nos canteiro de obras da Usina Hidrelétrica (UHE) Garibaldi, em Abdon Batista, no Meio-Oeste, só devem ser liberados após negociações das indenizações com a empresa responsável pela usina. Na madrugada desta terça-feira, cerca de 400 famílias ocuparam o local.

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Em Florianópolis, manifestantes do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) se concentram na sede da Eletrosul, no bairro Pantanal, onde montaram acampamento. A coordenação afirma que o MAB já solicitou uma audiência com o governador do Estado, Raimundo Colombo e agendou uma audiência na tarde desta terça-feira com a diretoria da Eletrosul, em Florianópolis.

Na pauta de reivindicações está o reassentamento das cerca de 800 pessoas que devem ser atingidos pelas obras. São agricultores de cinco municípios às margens do Rio Caveiras: Cerro Negro, Campo Belo do Sul, São José do Cerrito, Vargem e Abdon Batista.

Conforme uma das integrantes do MAB, Neusa Raithz, as famílias que arrendam terras nos locais que serão alagados pela usina também querem indenizações. Segundo ela, muitos fizeram investimentos e dependem da agricultura.

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– Até agora não existe nenhum acordo entre as partes. A empresa diz que temos direitos, mas as famílias ainda não sabem quais são – reclama.

Além do bloqueio dos acessos, um incêndio destruiu um escritório de engenharia, que ficava no parque de obras, na madrugada desta terça-feira. Os manifestantes disseram que não têm ligação com o fogo, pois o movimento seria pacífico.

Na última quinta-feira, outro incêndio destruiu três alojamentos de funcionários da empresa que está construindo a usina. A polícia ainda investiga o caso, mas há suspeitas de que trabalhadores teriam ateado fogo no local em protesto aos baixos salários e pedindo melhores condições de trabalho.

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Empresa considera ato criminoso

As empresas Rio Canoas Energia, proprietária da concessão, e a Construtora Triunfo ainda não conseguiram chegar até o local do incêndio para conferir os estragos.

Em nota, a Rio Canoas informou que houve a ocupação, seguida de depredação e destruição de parte do canteiro de obras da usina em flagrante desrespeito à lei. Segundo o documento, “a depredação de patrimônio da União e de patrimônio privado é ato criminoso, e desta forma deverá ser tratado”.

De acordo com a nota, todas as providências para a retomada dos trabalhos no canteiro de obras estão sendo tomada, para levantar o prejuízo e identificar os responsáveis pelo ato de vandalismo criminoso. A empresa garantiu ainda o compromisso de indenizar ou realocar a população atingida em tempo hábil.

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Ação Global

As manifestações acontecem em diversas capitais brasileiras em uma ação global que marca o 14 de março, dia internacional de luta contra as barragens. Os integrantes do movimento protestam contra o atual modelo energético brasileiro, contra as tentativas de privatização da água e da energia, além de reivindicarem a garantia de direitos para as famílias atingidas por barragens e para os trabalhadores do setor elétrico.