Cansados de esperar pela Prefeitura, os moradores de Joinville começaram a se reunir para participar do programa de pavimentação comunitária e asfaltar ou colocar lajotas nas ruas do município. O modelo tem custos para todos os vizinhos e é mais alto para aqueles com terreno de área maior. O acordo prevê que os moradores fiquem responsáveis em pagar pelo projeto da obra, o material utilizado e a mão de obra da empreiteira contratada. Em vez de executar todo o asfaltamento, a Prefeitura garante apenas a infraestrutura básica da rua para a liberação da pavimentação aos moradores.
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O subprefeito da região Oeste, João Tadeu Moreira, é responsável por autorizar os projetos de pavimentação comunitária nos bairros da área. Segundo ele, todas as subprefeituras são encarregadas de checar a drenagem, fazer o alinhamento, a topografia, o patrolamento da rua e a abertura do espaço para instalação das bocas de lobo (boeiros). Também são feitas a base e sub-base do terreno para a colocação de lajotas em alguns pontos (em ruas secundárias) ou em toda a extensão (ruas principais) para que depois os moradores possam viabilizar a pavimentação.
— Tem ruas que já estão com a infraestrutura legal e temos que fazer um trabalho mais simples. Outras precisamos levar quase toda a infraestrutura — explica Moreira.
A Prefeitura não sabe informar quantas ruas já foram pavimentadas pelo modelo comunitário, mas diz que comunidades de vários bairros aderiram ao programa ao longo dos últimos meses. Na região da subprefeitura Oeste, serão 15 vias concluídas até o final do ano.
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No Aventureiro, moradores da rua Vitorino Silvino Bittencourt estão há alguns anos esperando que o município faça o asfalto para conter os problemas com buracos, lama e poeira. No entanto, a descrença de que o poder público faça a pavimentação da via fizeram eles correrem atrás da solução.
— Se formos esperar, não vai sair nunca. Vamos fazer a pavimentação comunitária, mas teremos que arcar com tudo, inclusive o projeto. Não é justo, mas se quisermos ter as lajotas, teremos que fazer por nossa conta — desabafa o contabilista Geovane Pereira.
Ele explica que 100% dos moradores já aderiram à ideia de instalar lajotas em duas quadras da rua – nas outras cinco não houve adesão total. Eles estão em conversas com uma empreiteira de Brusque para realizar a obra e terão que pagar R$ 60 por metro quadrado. O projeto deve ser entregue à subprefeitura Nordeste ainda nesta semana e a expectativa é de que as obras comecem até o final do ano. Segundo Geovane, o município já fez a sondagem da tubulação para saber se há algum problema e ainda fará a base para a instalação das lajotas.
Moradores criticam participação da Prefeitura
O subprefeito da região Oeste, João Tadeu Moreira, entende que a pavimentação comunitária é boa para todos os envolvidos. Segundo ele, a Prefeitura é beneficiada porque tem uma redução de 95% na manutenção da rua; o empreiteiro ganha financeiramente, além de também gerar empregos; e o morador aumenta a qualidade de vida e ainda valoriza o imóvel em 20%. Porém, a opinião do aposentado Adecir Nervis é completamente diferente. Ele é morador da rua João Carlos Gomes de Oliveira, no Vila Nova, e critica a participação do município no programa.
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— A Prefeitura só passou com a patrola para rebaixar a rua. Eu paguei R$ 5,7 mil para fazer tudo. Fomos nós moradores que fizemos tudo aqui — garante.
O comerciante Anderson Tochetto, 34 anos, foi quem mobilizou os moradores da rua para colocar lajotas na via. Ele confirma que a subprefeitura passou apenas a patrola e deu as bocas de lobo, mas ficou de fazer a emenda das lajotas com o asfalto da rua Márcio Luckow há cerca de quatro meses. De acordo com o subprefeito, ele e seus funcionários são os responsáveis por solicitar que a equipe de tapa-buraco faça a emenda. Moreira afirmou que a obra deve ser feita em breve.
A rua São Bento do Sul, no bairro Jarivatuba, também foi pavimentada pelo programa comunitário e contou com participação do poder público. O presidente da associação de moradores do bairro, Luiz Carlos Cruz, diz que a Prefeitura fez a sondagem da tubulação e colocou a base para a instalação das lajotas. A obra na rua de 285 metros custou R$ 127 mil, dividido entre os 36 moradores, dando uma média de R$ 3,5 mil para cada um. Apesar do custo elevado, Luiz ficou feliz com o resultado final.
— Antes tinha bastante barro, muita lama e a chuva levava tudo abaixo pelo morro. Agora, ficou muito bom — relata.
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