As eleições de 2022 contaram com um número expressivo de candidaturas coletivas ao legislativo. Em todo o país mais de 200 “frentes”, “mandatas” e coletivos — formas como esses conjuntos políticos são chamados — disputaram a preferência do eleitor. Nove delas eram de Santa Catarina. No entanto, o desempenho nas urnas não foi suficiente para levar nenhuma delas à Alesc ou à Câmara dos Deputados por Santa Catarina.
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A nível nacional, o resultado também foi fraco. Apenas as candidaturas de Monica do Movimento de Pretas (PSOL) e Paula da Bancada Feminista (PSOL) foram eleuitas deputadas estaduais por São Paulo.
Para o professor em Direito Eleitoral, Rogério Silva, esse resultado é consequência de pelo menos três fatores:
— Primeiro a eleição presidencial tomou conta do debate político, depois a eleição para governador foi intensa. Outro fator é que candidatos que eram como pessoas muito fortes, tudo isso acabou enfraquecendo os coletivos — analisa Silva.
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O professor avalia ainda que outro entrave às candidaturas pode ter sido o voto em legenda. Isso ocorre quando o eleitor não manifesta preferência em um candidato, mas por qualquer candidato do partido.
— O voto em legenda também não ajuda os coletivos e não ajuda mais ninguém, porque a chance dos coletivos estaria talvez em ficar em terceiro ou quarto e pegar uma sobra de cadeira. Mas, como os coletivos foram pouco votados, foram mais votadas as legendas, isso acabou não surtindo efeito — explica.
Diferente do sistema majoritário, o voto em legenda é distribuído entre os candidatos mais votados. Quando a sigla consegue a quantidade suficiente para conquistar uma vaga, é o mais votado do partido o eleito.
Um dos coletivos em disputa à Alesc foi a Mandata Coletiva Bem Viver. O grupo é formado por nove mulheres, entre elas Cinthia Mendonça. Foi ela quem cedeu o CPF para o registro da candidatura e na prática é quem responde ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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A candidatura recebeu cerca de 7 mil votos e acabou na suplência. O resultado, avalia Cinthia, foi comemorado, mas poderia ter sido melhor não fosse a falta de articulação, de recursos para a campanha.
Ela avalia que os mandatos coletivos são “potentes” e uma forma “inovadora” de dialogar com a sociedade. Mas concorda com o professor Rogério Silva que o eleitorado ainda tende a buscar por candidatos conhecidos, figuras que personificam pautas.
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