Pouco mais de um mês depois do primeiro turno da eleição, as declarações das finanças dos candidatos mostram que para que o Vale do Itajaí conseguisse eleger sete deputados estaduais e três federais foram necessários investimentos de mais de R$ 8 milhões de empresas e pessoas físicas nas campanhas. As declarações disponíveis no site do TSE mostram que a arrecadação dos comitês de campanha ganha papel relevante na hora de garantir uma vaga na Câmara Federal ou na Assembleia Legislativa (Alesc).

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::: Confira as contas dos deputados eleitos pelo Vale para a Câmara Federal

Terceiro deputado estadual mais votado de Santa Catarina, Ismael dos Santos (PSD) é também o campeão de receitas entre os eleitos da região para o cargo. Se os mais de R$ 1,09 milhão investidos em sua candidatura fossem divididos pelo número de eleitores – 66.818 – o custo do voto de cada eleitor ficaria em torno de R$ 16,41.

::: Confira as contas dos deputados eleitos pelo Vale para a Assembleia

Já a campanha mais cara da região, a do deputado federal Décio Lima (PT), soma despesas de R$ 1,9 milhão e custo médio do voto de R$ 17,67. O custo das campanhas eleitorais e o sistema de financiamento são temas recorrentes de debates no meio acadêmico.

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Em um estudo publicado no início do ano pelo projeto Excelências, da ONG Transparência Brasil, o pesquisador Claudio Weber Abramo compara o pleito a um mercado disputado. Segundo ele, há dificuldades dos partidos políticos em lidar com o capital privado porque as circunstâncias são “desfavoráveis ao disciplinamento”.

“Os ofertantes nesse mercado são os partidos e candidatos; os demandantes são as empresas; o “bem” à venda são as decisões futuras” – escreve no artigo “Poder Econômico e o Voto no Brasil”.

Custo médio do voto é de 10 dólares

O professor de Direito Penal e Direito Eleitoral da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Fernando Fernandez, estima que o investimento necessário para conquistar um voto no Brasil seja de 10 dólares, aproximadamente R$ 25. Segundo ele, os custos com a divulgação da candidatura, a quantidade de concorrentes e até o carisma do candidato influenciam na conta:

– A campanha tem que ser alimentada para pagar os cabos eleitorais. Esses operários da eleição vão precisar de dinheiro para poder se movimentar e visitar as regiões. Esta é a lógica da estrutura da eleição. Não há outra maneira. Por isso, as campanhas dos deputados federais e senadores são mais caras – avaliou o professor.

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Ele cita ainda que rostos conhecidos têm mais facilidade de arrecadação, ainda que não precisassem gastar tanto nas campanhas quanto nomes desconhecidos do eleitorado.