A oposição à ultradireita na França quer construir uma frente unida no segundo turno das eleições legislativas para tentar bloquear a Reunião Nacional (RN), após o partido ter um desempenho histórico e ganhar o primeiro turno, que aconteceu neste domingo (30). As informações são da Folha de São Paulo.

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De acordo com os resultados oficiais, a RN venceu com 33% dos votos, desbancando o bloco de esquerda, a Nova Frente Popular, com 28%. A aliança centrista, do presidente Emmanuel Macron, marcou apenas 22%.

Ultradireita vence 1º turno nas eleições francesas: o que acontece agora?

A RN de Marine Le Pen, com discurso anti-imigrante e eurocético — que defende desde a pouca integração econômica ou política entre os países, até nenhuma integração — conseguirá formar um governo caso os outros partidos falhem em se juntar em torno dos candidatos rivais mais bem colocados em centenas de distritos eleitorais em toda a França no segundo turno.

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A ultradireita necessita de pelo menos 289 assentos no Parlamento para conseguir obter maioria, e as pesquisam estipulam que o primeiro turno acabe rendendo a conquista entre 250 e 300 cadeiras.

O jornal Le Monde contabilizou que mais de 170 candidatos já desistiram das próprias campanhas e escolheram um lado rival de centro ou de esquerda contra a RN. A tática pode ter impacto nas intenções de voto em toda a França, uma vez que cerca de 300 distritos eleitorais (mais da metade dos 577) finalizaram o primeiro turno com um cenário de três candidatos com votos suficientes para enfrentar o segundo turno.

A participação no segundo turno dos partidos que pontuaram 12,5% ou mais no primeiro turno deve ser feita até a noite de terça-feira (2).

Os candidatos da frente de esquerda e da aliança centrista de Macron já retiraram os candidatos em distritos onde o candidato rival estava mais bem colocado. A decisão, anunciada no domingo (30) à noite, foi feita com o objetivo de vencer a RN no segundo turno.

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O que diz Macron

O presidente Emmanuel Macron disse aos ministros dele nesta segunda (1º) que impedir que a RN tenha maioria é a prioridade, segundo a agência Reuters, via uma pessoa com conhecimento do teor do encontro. Isso pode implicar em alianças com candidatos da França Insubmissa.

Como a RN é recebida na França

A RN está mais próxima do poder de uma maneira que nunca esteve. A líder da RN, Marine Le Pen, fez a tentativa de limpar a imagem de um partido que é conhecido pela retórica extremista, tática que deu certo devido à insatisfação de eleitores com Macron, que é tido, muitas vezes, como desconectado das preocupações cotidianas da população.

O sucesso da RN foi bem recebido por nacionalistas e grupos radicais de direita em toda a Europa, o que incluiu a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, e o partido Vox, da Espanha. Para Pedro Sánchez, premiê socialista da Espanha, os partidos de esquerda ainda podem impedir a vitória da RN.

Annalena Baerbock, ministra das Relações Exteriores da Alemanha, demonstrou preocupação com o crescimento de “um partido que vê a Europa como o problema, e não a solução”. Além disso, fez uma comparação do apoio ao partido de extrema direita Alternativa com a Alemanha (AfD) em seu país.

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— Estou satisfeito, porque precisamos de mudanças. As coisas não mudaram, e elas devem mudar — defendeu o apoiador da RN, Jean-Claude Gaillet, 64, no reduto de Le Pen no norte, em Henin-Beaumont.

Outros temem tensões na sociedade francesa devido ao crescimento da RN e da plataforma nacionalista do partido.

— Não acho que as pessoas percebam o que está acontecendo, elas estão apenas pensando no custo de vida e em coisas de curto prazo. Acho isso muito triste — disse Yamina Addou do lado de fora de um supermercado na cidade vizinha de Oignies, ao sul de Lille.

O cenário alternativo em destaque de um governo liderado pela RN seria uma Assembleia Nacional sem maioria, o que deixaria a França na prática ingovernável pelo resto do mandato de Macron, que deve ir até 2027. O presidente já disse que não renunciará, qualquer que seja o resultado do pleito legislativo.

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*Sob supervisão de Andréa da Luz

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