Quem depende da saúde pública conhece muito bem os nós que o futuro prefeito terá de desatar. São longas as filas de espera por uma consulta com especialistas, problema que está atrelado à falta de médicos. Há, ainda, o déficit de leitos no pronto-socorro do Hospital São José, que trabalha hoje com uma taxa média de ocupação de 130%.
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PDF: confira as respostas dos candidatos
Os números da própria Secretaria Municipal da Saúde comprovam as carências. Somando as vagas oferecidas pelos hospitais públicos e privados, Joinville tem hoje 1.063 leitos. Colocando em prática o que recomenda o Ministério da Saúde (são de 2,5 a 3 vagas para cada mil habitantes), a cidade deveria ter de 225 a 482 lugares a mais para a internação.
Do outro lado, hoje há pelo menos 42.764 pessoas aguardando uma consulta com um especialista, isso quando se leva em conta somente sete especialidades: cardiologia, cirurgia vascular, dermatologia, neurologia, oftalmologia, ortopedia e reumatologia.
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A maior fila de espera é na oftalmologia, com 13.447 pessoas. São oferecidas 625 consultas a cada mês. Há, ainda, convênios com clínicas particulares, mas poucas têm interesse nessa parceria devido à tabela praticada.
A falta de médicos desencadeia, ainda, a dificuldade na realização de alguns exames, como o ultrassom (a fila de espera é de 12 mil pessoas) e a endoscopia (pelo menos mil pessoas aguardam o exame).
Mesmo tendo uma economia forte, em Joinville a proporção de médicos por habitante, tanto em hospitais públicos quanto nos particulares, fica abaixo do registrado em outras cidades do mesmo porte do Sul e até mesmo do Nordeste.
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Além da questão salarial, segundo especialistas, soluções passam por investimentos em espaço físico e em mais e melhores equipamentos – algo também necessário para aumentar a oferta de exames.
Soluções
Os problemas se arrastam há décadas e não podem ser atribuídos a uma única administração municipal. Hoje é consenso que a solução não passa pela construção de um outro hospital público – a proposta foi defendida nas eleições municipais de 2008 pelos candidatos.
De lá para cá, o discurso mudou. Gestores passaram a defender que a ativação de leitos inutilizados no Hospital São José, no Hospital Bethesda e no Hospital Regional resolveria a demanda.
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A ativação do quarto andar do São José ajudou no acolhimento pós-cirúrgico – até então, os pacientes operados acabavam ficando em recuperação no próprio centro cirúrgico. Mas há outra estrutura em obras há anos e até hoje inacabada – o Complexo Ulysses Guimarães – que, se terminada e ativada, colocará Joinville perto dos cerca de 1,3 leitos recomendados.
O problema é que a ativação é cara por necessitar de equipamentos e de mais profissionais. É mais uma conta que vai pesar no limite de gastos do município.