Desde a aposentadoria de Gustavo Kuerten, maior tenista brasileiro de todos os tempos, o País espera pela chegada de um novo talento na modalidade. E uma das esperanças de renovação está em Santa Catarina. O joinvilense Pedro Boscardin Dias, 14 anos, colecionou títulos na temporada e chamou a atenção do próprio Gustavo Kuerten, que acompanha de perto a carreira do atleta e já fez elogios públicos ao jovem pelas redes sociais.

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O bom desempenho de Pedro o credenciou a participar neste fim de semana do Le Mondial Lacoste, torneio que reúne os seis principais tenistas do mundo da categoria 14 anos. Além do joinvilense, jogarão em Londres um francês, um espanhol, um italiano, um sérvio e um inglês. A vaga do brasileiro veio graças ao título da Copa Guga Kuerten.

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Antes desta conquista, Pedro foi campeão em Velp, na Holanda, e vice-campeão em Paris, na França, em duas competições que fazem parte da Gira Europeia – série de torneios entre os melhores da categoria no Velho Continente. A performance rendeu a ele o prêmio de melhor tenista estrangeiro do evento.

Pedro também concorre como melhor atleta do Estado no Troféu Gustavo Kuerten, que homenageia os principais jogadores, entidades, técnicos e equipes catarinenses que tiveram destaque ao longo do ano. Reconhecimentos importantes, mas que não sobem à cabeça do jovem:

— Estou tranquilo. O Rico fala sempre para eu não sair do foco, pensar no trabalho. E o que ele diz, eu faço — garante o jovem citando o treinador.

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Com tantos feitos em tão pouco tempo, o desafio, de fato, é mantê-lo focado para todas as competições, missão que está nas mãos do técnico Ricardo Schlachter, o Rico, ex-tenista catarinense. Segundo ele, tecnicamente, Pedro tem todas as condições de se tornar um jogador de ponta.

— Hoje ele tem rotina de profissional pelos treinos que faz e pelos torneios que disputa. Tecnicamente, é diferenciado desde jovem e, provavelmente, deve ter ganho 80% dos jogos que participou na carreira. Mas às vezes isso causa uma acomodação ou falta de concentração — observa.

Rico revela que tem trabalhado a concentração de Pedro antes mesmo dos treinos para que ele não demore a “embalar” nas atividades assim como nos jogos.

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— Estivemos em Barcelona e percebemos que lá a concentração começa antes mesmo dos atletas entrarem em quadra. Isso pesa bastante. O Pedro, por ser Sul-americano, tem o “defeito” de ser um cara simpático. Antes de treinar, ele vai cumprimentar todo mundo, brincar, contar uma história. Apelidamos ele de vereador, pois ele fala com todos. É algo que precisamos corrigir para ele crescer ainda mais — alerta.

Schlachter conviveu com Gustavo Kuerten durante anos em disputas locais e nacionais. Na opinião do treinador, Guga estava acima dos demais porque era extremamente competitivo, algo que ele enxerga em Pedro. Apesar de jovem, o joinvilense dá claras demonstrações de que perder é um verbo que ele não gosta de conjugar. Ao ser questionado sobre o objetivo no Le Mondial Lacoste, dispara:

– Vou lá para ganhar!

Se tem em Guga um exemplo de brasileiro bem-sucedido dentro da quadra, Pedro também observa outro especialista no saibro em quem se espelha:

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— Eu me inspiro no Nadal. Meu jogo não é parecido com o dele, acho que meio um misto do Nadal e do Federer, mas eu sempre gostei dele pela luta nos jogos.

Incentivo que vem de casa

No lar, Pedro tem o incentivo da mãe, Carolina Boscardin, ex-tenista, e do irmão, Gabriel Boscardin Dias, que competiu durante anos, mas abandonou a carreira. Nos treinos, o colega João Loureiro desafia Pedro a se manter em alto nível. Recentemente, os bons resultados de João na Gira Sul-americana incentivaram Pedro a buscar melhor desempenho nos treinos.

– Um puxa o outro. Isso é bom para nós, ter esta competição na academia – aponta Rico.

Para consolidar todas estas qualidades na formação de um atleta profissional, Rico planeja levar Pedro para mais treinos na Europa. Antes, espera o desenvolvimento completo do corpo do jovem. Depois disso, trabalhará a última fase, intitulada pelo treinador como “aprimoramento da técnica”.

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