O diagnóstico de câncer na tireoide da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anunciado na terça-feira, coloca as mulheres em alerta: a doença é três vezes mais frequente no sexo feminino.
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De acordo com a endocrinologista Patrícia Santafé, como é um tumor localizado, costuma ser de simples tratamento, por meio de cirurgia para retirada total da glândula. Localizada na região cervical, a tireoide é reponsável por regular o metabolismo.
A endocrinologista esclarece que a doença é diagnosticada por meio de ecografia tireoidiana e praticamente não tem sintomas clínicos visíveis.
– É possível perceber nódulos maiores ao engolir um gole de água em frente ao espelho, mas pequenos nódulos são difíceis de perceber sem ecografia – explica Patrícia.
Diagnóstico e tratamento
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Nódulos com mais de 1cm, identificados pelo exame, são considerados suspeitos e passam a ser investigados pelo especialista. Um dos procedimentos adotados é a punção, que retira material do nódulo para verificar a presença de células atípicas. O paciente passa a ser acompanhado por meio de ecografias periódicas, a fim de observar alterações físicas no nódulo, como solidez, irregularidades nas bordas ou microcalcificação.
— O tratamento mais recomendado para nódulos grandes na tireoide, sejam ou não tumores malignos, é cirúrgico – destaca a especialista.
A cirurgia, segundo a endocrinologista, é também o único meio de confirmar o diagnóstico de câncer. Após a retirada da glândula, se confirmado o tumor maligno, o paciente faz tratamento com iodoterapia – não quimioterapia nem radioterapia, como no tratamento da maioria dos tipos de câncer – e reposição hormonal sintética. Fora a necessidade de repor os hormônios, as consequências são praticamente inexistentes.
– Claro que, se o diagnóstico for feito quando a doença já estiver em estágio avançado, pode ocorrer metástase e o tumor se espalhar pela região do pescoço – diz Patrícia.
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Prevalência e prevenção
O tipo de tumor na tireoide mais comum e menos agressivo é o papilar, caso da presidente argentina, assim como o folicular. Nesses casos, conforme a endocrinologista, a evolução do nódulo costuma ser lenta e localizada, o que potencializa as chances de cura. Casos mais graves são os tumores medular e anaplásico, que acometem mulheres com mais idade.
A especialista salienta ainda que, embora sejam muito mais comuns entre mulheres, nódulos na tireoide podem atingir homens – e costumam ser mais suspeitos justamente por serem menos frequentes no sexo masculino. Além disso, nem todos os nódulos são malignos.
O câncer da tireoide não está associado a causas externas específicas. Como a prevalência é maior em mulheres, elas são consideradas grupo de risco para problemas na glândula. Fatores genéticos também interferem na incidência da doença. Outra causa possível é a exposição à radiação nuclear. A prevenção, até pela ausência de sintomas, deve ser feita pelo acompanhamento médico ou endocrinológico.