Os jornalistas Tiago Leifert e Daiana Garbin anunciaram, neste sábado (29), que sua filha, Lua, de apenas 1 ano e três meses, está com retinoblastoma, um câncer nos olhos. A reportagem procurou uma especialista para contar tudo sobre como é o tratamento e a forma de lidar melhor após o diagnóstico.

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Segundo Ione Alexim, oftalmologista do Instituto de Ciências Neurológicas (ICNE), existem dois diagnósticos para esse tipo de câncer: o unilateral, quando só acomete um dos olhos, e o bilateral, com ambos os globos oculares atingidos. Esse último é o caso da filha dos jornalistas. 

Trata-se de um tumor intraocular mais comum na infância. Ele atinge uma em cada 18 mil crianças e sua incidência no mundo é de 8.000 novos casos por ano, sendo 400 deles no Brasil. A doença pode ser herdada de um dos pais, em 25% dos casos, ou ser resultado de uma mutação nova, o que ocorre em 75% das vezes. 

— Os sinais iniciais mais frequentes são a alteração do reflexo vermelho que aparece quando tiramos uma foto, e o estrabismo. São sinais facilmente observados pelos pais mais atentos — indica a oftalmologista.

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Existem outros fatores de que algo errado pode estar acontecendo com a criança como quando ela fizer movimentos repetitivos com os olhos e com a cabeça para tentar enxergar melhor. O aumento do globo ocular também é outro sinal. 

Tratamentos

Há vários tipos de tratamento e isso vai depender do estágio do diagnóstico. Quando os pais descobrem cedo, logo nos primeiros meses de vida, e há preservação do globo ocular e de parte da visão, como é o caso de Lua, pode ser feito uma quimioterapia intra-arterial cuja medicação é colocada direto nos olhos de forma não tão invasiva. Por isso que os cabelos de Lua estão preservados.

— Ressalto que o tratamento é longo sendo importante acompanhamento por equipes de oncologia, patologia e radiologia intervencionista. Uma equipe multidisciplinar. Esse tipo de químio vem sendo feita no mundo com resultado que aumentam as taxas de preservação do globo ocular. São ciclos mensais.

De acordo com a especialista, o mais importante de tudo é o diagnóstico precoce. Quando a criança nasce ela deve fazer o teste do reflexo vermelho na própria maternidade para verificar se os meios oculares permitem passagem adequada de luz e não tem alteração. Quando a criança não faz na maternidade, é preciso que seja feito esse teste na primeira ida ao pediatra após saída do hospital.

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— Esse teste estando normal até o fim do primeiro ano de vida, essa criança já tem avaliação completa. Mas se nesses primeiros meses apresentar atraso no desenvolvimento da visão será preciso avaliação mais completa com seis meses de vida — reforça.

Uma vez que tudo está normal, a ida da criança ao oftalmo, após o primeiro ano, pode ser feita, segundo a médica, entre os três e cinco anos e depois anualmente. A maior probabilidade de cura vai depender do quão cedo se descobriu o câncer e de quanto ele já afetou os olhos. 

— É um tratamento bem longo, de anos que requer acompanhamento multidisciplinar. Mesmo depois da cura, essa pessoa seguirá sendo acompanhada periodicamente por médicos até conseguir voltar à periodicidade anual de ida ao médico — finaliza a oftalmologista.

*Por Leonardo Volpato.

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