Terra prometida dos aficionados pelo universo da tecnologia, a 7ª edição da Campus Party, que começa na noite de segunda-feira, em São Paulo, promete atrair em grande quantidade um perfil de participante até então minoria em eventos desse tipo, os empreendedores. A meta é incorporar palavras como pitch, venture capital e pivot, termos bastante comuns no mundo das startups, também ao vocabulário geek (confira glossário abaixo).

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Ao longo de sete dias, o centro de eventos Anhembi Parque será o cenário de encontro entre donos de boas ideias com gente disposta a ajudar a transformar o projeto em realidade. Uma amostra é a Startup&Makers Camp, área da feira dedicada a empresas iniciantes escolhidas por concurso. Lá, poderão procurar financiamento, vender serviços, trocar conhecimento e mostrar suas ideias aos 8 mil “campuseiros” que conseguiram vaga para acampar no local.

Maratona planeja criar 500 startups

Diego Remus, diretor da Startupi, empresa que atua promovendo a interação entre startups e investidores potenciais, frequenta a Campus Party desde 2008, mas conta que este ano a expectativa para o evento é maior.

– A escolha do tema empreendedorismo não tem um efeito apenas simbólico. Todas as atividades oferecidas são de fato relevantes e ajudarão a criar bons negócios. Não vai ser um encontro apenas para expandir a rede de relacionamentos, vai ser lugar para fazer dinheiro – afirma Remus.

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O diretor da Starupi destaca na programação a maratona de negócios, iniciativa que tem a pretensão de impulsionar a criação de até 500 startups a partir de sugestões enviadas por jovens com ideias inovadoras que ainda não foram transformadas em empresas. Para isso, haverá muitas palestras e oficinas voltadas exclusivamente para quem tem perfil empreendedor.

– Vai ser, para o empreendedor, como estar na Disney – diz Paco Ragageles, presidente da Futura Networks e cofundador do evento.

O enfoque em empreendedorismo este ano não significa, no entanto, que a “festa da internet”, como a Campus Party é conhecida, se transformará em uma chata reuniões de negócios. A programação ainda contempla atividades típicas de anos anteriores, como campeonatos de videogames e concurso de cosplays.

– Os campuseiros não costumam ficar presos à programação. Desenvolvem seus próprios debates, dentro das comunidades de interesse. É muita coisa ocorrendo ao mesmo tempo – lembra Rodrigo Troian, da Associação Software Livre (ASL).

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Mesmo quem não conseguiu ingresso, poderá acompanhar a Campus Party pela internet, desenvolvido pela organização do evento para transmitir ao vivo as palestras e encontros que fazem parte da programação

Não entendeu o vocabulário startup?

Pitch – Breve apresentação da ideia ou serviço para atrair investidores

Venture capital – É o termo usado para todas as classes de investidores de risco. No Brasil, esses fundos investem entre R$ 2 milhões e R$ 10 milhões em empresas.

Pivot – Significa redirecionar o modelo de negócios da empresa em busca de saídas mais lucrativas, mas mantendo a base para não perder a posição já conquistada.

Geek – Uma gíria britânica criada para se referir a pessoas obcecadas por tecnologia e novidades do meio.

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Startup – Empresa jovem e inovadora que procura atingir um grande número de clientes e gerar lucro em pouco tempo, sem aumento de custos.

Cosplay – É abreviação de costume play (brincadeira de fantasias). Os participantes se vestem como seus personagens favoritos.

Confira as atrações desta edição

Bruce Dickinson – Terça, 13h

O vocalista do Iron Maiden, uma das bandas de heavy metal de maior sucesso no mundo, promete mostrar uma outra faceta no evento: a de empreendedor. Na palestra, vai falar a respeito dos paralelos entre a música e o mundo dos negócios. Além de músico, Bruce pilota avião e investe em diversas startups.

John Lunn – Quinta, 13h

Atual diretor global de desenvolvimento do PayPal, cria há mais de 15 anos sistemas de pagamentos antifraudes para a internet. Vai falar sobre as formas de pagamento no mundo, que têm mudado rapidamente, principalmente graças ao desenvolvimento da tecnologia e do uso de smartphones.

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Leo Johnson – Quinta, 19h

Especializado em negócios sustentáveis, Johnson é especialista em identificar grandes tendências sociais e ambientais. É conselheiro em sustentabilidade em mais de 50 bancos e empresas líderes, além de ser um dos parceiros da PwC Sustentabilidade & Climate Change Group. Vai falar sobre as cidades do futuro e o uso da tecnologia como ferramenta para enfrentar desafios sociais, ambientais e econômicos.

Marcelo Ballona – Sexta, 13h

É cofundador do site de compras Submarino, uma das pioneiras no segmento de comércio eletrônico e primeira startup a abrir capital na bolsa de valores brasileira, a Bovespa. O empresário promete traçar um panorama das startups nas últimas décadas.

O Fim da propriedade inteletual? – Terça, 14h30min

Borja Adsuara Varela é professor universitário e consultor em estratégia digital de empresas e administrações públicas. Um dos personagens mais ativos e influentes da internet na Espanha, tem participado de toda a legislação de informação do país desde 1992. O eixo central da palestra é a mudança que a internet tem provocado sobre a noção da propriedade intelectual, facilitando o acesso livre dos cidadãos ao conhecimento mas gerando uma profunda crise na tradicional industrial do copyright.

Como disponibilizar 114 mil anos de vídeos todos os meses – Quarta, 20h30min

Com mais de 40 milhões de assinantes no mundo todo e em processo de expansão de mercado, a Netflix é um serviço de referência que está mudando a forma de se assistir filmes, séries e programas de televisão. Maksim Yevmenkin, engenheiro de

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software da Netflix, vai compartilhar todo o bastidor do processo da revolução da televisão.

A startup de cem anos – Quinta, 11h15min

A Evernote é uma das startups mais inovadoras do Vale do Silício, criadora de aplicativos que têm o objetivo de serem essenciais para ajudar as pessoas a lembrarem de tudo. Uma de suas maiores ambições é continuar a ser uma startup quando tiver cem anos. A proposta do diretor Ken Gullicksen é contar aos campuseiros como pretende alcançar essa meta.

O pão nosso de cada dia vai sair de dentro das máquinas? – Quinta, 15h45min

Com uma trajetória bastante incomum para quem trabalha no ramo de tecnologia, Fabio Gandour, cientista-chefe no laboratório da IBM, vai falar sobre as conexões entre empreendedorismo e ciência. Formado em medicina e com PhD em ciências da computação, Gandour coordena a área de pesquisa na filial brasileira.

Como a NSA vigia você? Mecanismo de rastreamento e interceptação – Sábado, 11h

Quatro especialistas vão falar sobre os mecanismos usuais de interceptação das comunicações, de intrusão nos computadores e redes dos possíveis alvos da NSA e de ações que dificultam o rastreamento e monitoramento feitos pela agência americana.