Digna de cinema, a história da paranaense Rosilete dos Santos alia superação, esforço e glória. Mas, se não virou filme, sua trajetória até virar bicampeã mundial de boxe já rendeu um livro: A Quatro Punhos, de Osny Tavares, que conta como ela e o marido, Macaris do Livramento, também lutador, caíram na estrada para realizar seus sonhos.
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A obra foi recém-lançada em Lauro Müller, no Sul do Estado, terra de Macaris.
Assim como no filme Menina de Ouro, de Clint Eastwood, sobre uma boxeadora, Rosilete começou tarde para os padrões do esporte. Aos 26 anos, ela vestiu um par de luvas e começou a treinar em 2001.
A intenção era apenas praticar uma atividade física e se distrair enquanto acompanhava os treinos dele.
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– Toda vez que eu treinava, ele via que eu tinha técnica, tinha explosão, força, determinação – lembra.
Rosilete e o marido não deixaram que nenhuma das muitas dificuldades que surgiram pelo caminho os impedisse de continuar na luta. No final de 2006, a atleta engravidou e pensou em encerrar a carreira nos ringues. Mas o destino não deixou. Em 2008, com o convite de disputar o Mundial na Alemanha, ela teve que se superar novamente e recuperar a forma para se preparar para mais uma série de lutas, que culminaram na conquista de seu primeiro cinturão, pela Comissão Mundial de Boxe (WBC, na sigla em inglês) em 2008.
Sobre a falta de reconhecimento, Macaris desabafa. Além da dificuldade para conseguir patrocínio, que resultou em uma dupla luta do casal para se manter na carreira, o anonimato em seu próprio país incomoda.
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– Infelizmente a gente vive em um Brasil onde não somos valorizados. Para se ter uma ideia, vocês (imprensa) não a conheciam. O país não a conhece. E isso eu lamento. A Rosilete é mais conhecida fora do Brasil do que dentro dele. Em Buenos Aires, nós levamos duas horas para andar algumas quadras. O pessoal abraçava, pedia autógrafo, queria tirar foto, fazia tumulto. Na Alemanha, a luta é feita em estádio, são 15 mil pessoas. Duas semanas antes, os ingressos já estavam esgotados – conta ele.
Rosilete se aposentou em junho, aos 38 anos, com direito à luta de despedida e plano de continuar envolvida com o boxe na forma de um projeto que visa a dar aulas para crianças carentes.
FICHA TÉCNICA
Nome: Rosilete dos Santos
Nascimento: 28/06/1975
Naturalidade: Castro (PR)
Currículo amador: estreou em 2001 e fez 16 lutas (14 vitórias, um empate e uma derrota) pela categoria até 54 kg
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Currículo profissional: estreou em 2003 e fez 34 lutas (29 vitórias e 5 derrotas)
Ranking: 6ª no ranking mundial do Boxrec
Títulos: Campeã mundial pela WBC (Comissão Mundial de Boxe) desde 2008 e campeã mundial da WIBA (Associação Mundial de Boxe Feminino) desde 2011.
Histórico: Até os 18 anos, trabalhou na roça em sua cidade natal. Depois, passou a trabalhar como empregada doméstica. O interesse pelo boxe surgiu quando assistiu a uma luta de seu futuro marido, Macaris do Livramento, em Castro. Começou a trabalhar com ele, treinando durante o dia e ajudando na montagem dos ringues.