Imagine uma loteria em que a chance de ganhar é de uma a cada 100 mil. Parece bom, levando em consideração concursos mais disputados, da ordem de um para 50 milhões. Mas se o prêmio desse concurso for o direito de viver, a situação fica mais séria e dramática.
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Essa é a angústia de quem precisa de um transplante de medula óssea para se recuperar de um quadro de leucemia ou de outras doenças que atingem o sangue, por exemplo. Além de ter que lutar contra a doença, o paciente tem que contar com a solidariedade e com a sorte para encontrar, entre os poucos voluntários disponíveis, alguém que seja compatível e possa lhe doar as células extraídas do interior dos ossos.
O universo de possibilidades é relativamente reduzido em Santa Catarina. O Hemosc, hemocentro do Estado que administra o cadastro dos doadores e faz coletas, tem registrados pouco mais de 150 mil voluntários aptos a doarem medula óssea para quem precisa. Acontece que 30% deles costumam não ser localizados ou negarem se submeter ao procedimento de coleta quando são contactados. “Muita gente até se coloca à disposição, geralmente movido por uma questão pessoal, para doar para um parente ou amigo próximo. Mas quando ligamos em outra oportunidade para que ele possa doar para outros, se recusam”, diz a gerente do Hemosc, Denise Gerent.
Alguns dos casos de recusa são fundamentados no medo que muitos sentem do procedimento, o que é desnecessário segundo os médicos. Ao se cadastrar, o voluntário terá 5 ml de sangue extraídos de forma simples, como num exame de rotina. Os dados físicos, pessoas, biológicos e genéticos serão armazenados num cadastro, e disponibilizados para consulta pelos operadores do Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (Redome). Quando alguém precisar de uma transfusão de medula, a base será consultada e quem for compatível, será contactado.
É só a partir deste momento que outros exames serão feitos, para comprovar que o voluntário poderá doar medula a outra pessoa. Se for aprovado, ele será submetido a um procedimento médico para a coleta das células dos ossos da bacia. A liberação para que o doador retorne à rotina normal acontece em cerca de sete dias.
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“A gente nunca sabe quando vai precisar. Temos que pensar nisso como um bem pra sociedade, não apenas para as pessoas que conhecemos ou que amamos”, diz o vice-presidente da Associação dos Pacientes Renais de Santa Catarina (Apar), Juarez Nunes. A entidade lançou nesta quarta-feira mais uma edição da campanha de conscientização para aumentar o número de voluntários doadores.
As peças, produzidas por meio de uma parceria com a agência de publicidade Propague e com a produtora 30 por segundo, ambas de Florianópolis, têm a participação do ator Reinaldo Gianechini e serão veiculadas no rádio, na televisão e em busdoors a partir desta semana.