Em tempos de Festival de Dança, Joinville recebe 6,5 mil dançarinos de todo o País, além de milhares de turistas de todas as regiões do País e do exterior e jovens de cidades próximas, como Jaraguá do Sul e Curitiba, que vêm a Joinville curtir as baladas noturnas durante o festival.

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O fato é que todo esse agito durante as 11 noites de evento tem gerado uma preocupação à Secretaria Municipal de Saúde sobre o risco de contágio por doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids. Uma preocupação com fundamento, considerando alguns números.

A procura pelo exame de HIV (vírus da Aids), realizado gratuitamente na Unidade Sanitária, por exemplo, costuma aumentar nos meses seguintes ao festival (considerando que o exame deve ser realizado pelo menos um mês após o possível contágio). Em agosto do ano passado, 313 pessoas fizeram o exame, e em setembro outras 326 pessoas fizeram o teste, quando a procura normalmente não excede 200 pessoas por mês.

Por isso, se em todo o País o Carnaval costuma ser o período em que as autoridades de saúde mais investem em prevenção, em Joinville, é durante o Festival de Dança que o trabalho de orientação e distribuição de preservativos é mais intenso.

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No estande da Secretaria da Saúde na Feira da Sapatilha, funcionários da Unidade Sanitária têm distribuído, gratuitamente, fôlderes com informações sobre prevenção, além de preservativos e lubrificantes.

– Alguns passam pelo local e discretamente pegam preservativos, outros disfarçam e dizem que estão pegando para outra pessoa -, conta a coordenadora da Unidade Sanitária, Halina Temothio.

Há quem dê o bom exemplo

Segundo a coordenadora da Unidade Sanitária, Halina Temothio, o fato de as pessoas terem vergonha de pegar o preservativo prova que o assunto ainda é tratado como tabu e que há certa resistência dos jovens com relação ao uso de preservativos.

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– Isso pode justificar, por exemplo, o aumento no número de casos da doença, principalmente entre pessoas na faixa etária de 13 a 39 anos. Entre os 5 mil pacientes cadastrados, 72% têm entre 20 e 39 anos -, destaca.

Entre os adolescentes, de 13 a 19 anos, a incidência também aumentou, sendo que houve uma inversão. Hoje, a maioria são meninas, explica Halina.

Mas tem gente nessa idade que faz questão de dar o exemplo.

– Vergonha é não usar! -, diz o dançarino Carlos Afonso Veiga e Souza, 19 anos, que parou no estande para pegar preservativos e concorrer a brindes.

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– As pessoas precisam ter mais consciência dos seus atos e saber que as consequências podem ser graves -, aconselha.

Ele participou de uma gincana no estande da Secretaria de Saúde na Feira da Sapatilha, na qual os participantes respondem a questões relacionadas a doenças sexualmente transmissíveis, e quem acertar concorre a um kit com camiseta, penal e bótons com o tema da campanha.

Carlos acertou ao dizer que o consumo de álcool pode aumentar o risco de contágio “porque a bebida afeta o discernimento e as pessoas ficam mais sujeitas a abrir mão do uso de preservativos”.

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