Emanoel Dalla Porta, quatro anos, estava apreensivo antes de receber as doses contra o sarampo e poliomelite, no bairro Costa e Silva, em Joinville, com receio da dor da injeção. A mãe, Fernanda Cristina Franzner, 28 anos, mesmo sabendo do ansiedade do filho, levou o garotinho para aproveitar os últimos dias da Campanha Nacional de Vacinação. A imunização começou há cerca de um mês e nesta segunda-feira (27) entra na reta final, já que se inicia a última semana de aplicação das doses.
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– Fica tranquilo, filho, que não vai doer. Essa vacina é para você ficar forte e não pegar as doenças que estão por aí… – disse a mãe, tentando tranquilizar Emanoel.
Segundo dados do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações, pouco mais de 20 mil crianças receberam as doses desde o início da campanha em Joinville, atingindo 71,5% do público-alvo imunizados contra a poliomielite e 74,1% contra o sarampo. Os dados foram atualizados no final da tarde de sábado. O número está abaixo da média esperada para o município, já que a expectativa é atingir 28.325 crianças maiores de um ano e menores de cinco anos de idade.
Horário especial no último sábado
De acordo com a enfermeira Georgia Cani, algumas unidades básicas de saúde e centros de educação infantil (CEIs) abriram durante o último sábado (25). O horário especial faz parte de ação estratégica da Secretaria Municipal da Saúde para intensificar a adesão à vacinação contra a poliomielite e o sarampo. Além disso, durante esta semana, cada unidade também irá realizar ações específicas para aumentar a adesão, como a imunização em condomínios ou CEIs espalhados pelos bairros de Joinville..
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– São estratégias localizadas. Por exemplo, bairros que têm grandes condomínios podem receber as doses nesses locais ou ainda a vacinação das crianças em CEIs, tanto na rede pública, quanta na privada – explica Georgia.
Assim como a mãe de Emanoel, outras famílias procuraram pela imunização nos últimos dias da campanha. A vendedora Renata Michele Borges, 29 anos, levou a filha Lara, cinco anos, para receber as vacinas. Vestida de princesa, a menina entrou na sala sem demonstrar receio de tomar injeção e saiu rapidamente, sem receber a vacina. A menina já havia sido imunizada, mas por precaução a mãe decidiu levá-la novamente.
– A gente fica preocupada em vacinar, até pela da gravidade das doenças, mas a Lara já tinha tomado às doses – explica Renata.
Imunizar para prevenir
A unidade básica de saúde do Costa e Silva imunizou aproximadamente 750 pessoas ao longo dos pouco mais de 20 dias de campanha. As irmãs Laís, quatro anos, e Sarah, de um, chegaram com a mãe Aline Krüger, 35, para receber as vacinas e prontamente foram atendidas, já que não havia fila no postinho. Segundo as enfermeiras da unidade, durante toda a campanha, o movimento foi mais tranquilo e, ainda que as doses sejam gratuitas, a procura ficou abaixo do esperado.
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Para a enfermeira Georgia, a baixa adesão à vacinação pode ter relação com as gerações que não acompanharam os surtos das doenças nas décadas passadas. A paralisia infantil, por exemplo, estava erradicada do país havia aproximadamente 30 anos, enquanto o sarampo não registra casos em Santa Catarina desde 2013.
Ainda que no Estado não existam registros de sarampo, milhares de casos confirmados em outros locais do Brasil acenderam um alerta para a importância da imunização e, assim, evitar uma nova epidemia. A doença, que pode causar a morte, tem 1.400 casos confirmados até agora, a maioria deles nas regiões Norte e Nordeste, porém já há registros em Estados vizinhos, como no Rio Grande do Sul.
– Não tem milagre, a gente precisa continuar imunizando. Se não vacinar, é uma porta aberta para o vírus entrar – explica a enfermeira.
O que é poliomielite?
A poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus, que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas infectadas e provocar ou não paralisia. Nos casos graves, em que ocorrem as paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos.
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A vacinação é a única forma de prevenção da poliomielite. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser imunizadas conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual.
Desde 2016, o esquema vacinal contra a poliomielite passou a ser de três doses da vacina injetável, a VIP (2, 4 e 6 meses) e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente, a VOP (gotinha).
O que é sarampo?
O sarampo é uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave, transmitida pela fala, tosse e espirro, e extremamente contagiosa, mas que pode ser prevenida pela vacina. Pode ser contraída por pessoas de qualquer idade.
As complicações infecciosas contribuem para a gravidade da doença, particularmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade. Em algumas partes do mundo, a doença é uma das principais causas de morbimortalidade entre crianças menores de cinco anos de idade. A vacinação contra o sarampo é a única maneira de se prevenir a doença.
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PERGUNTAS E RESPOSTAS
Quando e onde ocorre a campanha?
Entre 6 e 31 de agosto, em postos de saúde de todo o país. No Estado, 1.102 salas de vacinação participam da campanha.
Qual é o foco da campanha?
Crianças com idade entre um ano e cinco anos incompletos (quatro anos, 11 meses e 29 dias).
Crianças que já foram vacinadas anteriormente devem ser levadas aos postos?
Sim. Todas as crianças com idade entre um ano e menores de cinco anos devem comparecer aos postos. Quem estiver com o esquema vacinal incompleto receberá as doses necessárias para atualização e quem estiver com o esquema vacinal completo receberá outro reforço.
Há riscos ao tomar doses a mais?
Não há riscos.
Alguma das vacinas têm contraindicação?
Não, mas crianças com doenças imunossupressoras devem passar por avaliação médica.
Qual é a vacina usada contra a pólio?
Crianças que nunca foram imunizadas contra a pólio vão receber a vacina inativada poliomielite (VIP), na forma injetável. Crianças que já receberam uma ou mais doses contra a pólio vão receber a vacina oral poliomielite (VOP), na forma de gotinha.
Qual é a vacina usada contra o sarampo?
A vacina contra o sarampo usada na campanha é a tríplice viral, que protege também contra a rubéola e a caxumba.
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O que levar?
A caderneta de vacinação. Mas mesmo quem não tiver o documento deve procurar o posto de saúde para imunização.
Adultos participam da campanha?
Não. A campanha tem como foco crianças, mas, conforme previsto no Calendário Nacional de Vacinação, adultos com até 29 anos que não tiverem completado o esquema na infância devem receber duas doses da tríplice viral e adultos com idade entre 30 e 49 anos devem receber uma dose da tríplice viral. O adulto que não souber sua situação vacinal deve procurar o posto de saúde mais próximo para tomar as doses previstas para sua faixa etária.