Os seus filhos ou as crianças que você conhece estão protegidas contra doenças como poliomielite, pneumonia e meningite? A correria do dia a dia e a falsa tranquilidade representada pelas primeiras doses de algumas vacinas faz uma parcela de pais se desligarem da atualização da carteira. Na adolescência, quando a proximidade e a dependência dos filhos em relação aos pais já não é a mesma, a situação é mais frequente.

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A Campanha Nacional de Multivacinação começou na segunda-feira e segue até dia 30 justamente com o intuito de oferecer vacinas para quem não está com a carteira em dia. O público-alvo é restrito a crianças de zero a cinco anos e de nove a 15 anos incompletos. Neste sábado ocorre o chamado Dia D, quando os sete ambulatórios gerais estarão abertos das 8h às 16h para oferecer as doses. Nos demais dias úteis, além dos ambulatórios, os 46 postos de saúde com sala de vacinação oferecem as doses para quem tem pendências na carteira.

– Existem dois fatores que diminuíram a incidência de doenças infectocontagiosas em crianças: o saneamento básico e as vacinas. Com esses adventos, a incidência de doenças caiu sensivelmente. Não oferecê-las é correr o risco de ficar exposto novamente – conta o pediatra da rede municipal e do Celp, Rogério João Machado.

No total são oferecidas 15 vacinas (confira a lista ao lado). O município diz não possuir metas para esta campanha, mas em todo o Estado serão distribuídos 621,5 mil doses de 13 vacinas, segundo a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive-SC).

– Antes, se o pai não tivesse levado o filho para tomar determinada vacina, mesmo que ele comparecesse ao posto depois ele não tinha mais o direito. Durante a campanha a criança consegue ser vacinada, não fica mais sem a imunização – explica a diretora de Vigilância Epidemiológica de Blumenau, Ivonete dos Santos.

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A maior preocupação da Secretaria de Saúde está na vacina contra HPV. Em 2014 e 2015, a Secretaria de Saúde alcançou 95% da meta de cerca de 9 mil meninas. O desempenho em boa parte ocorreu pelas vacinações feitas nas escolas. Neste ano, a imunização contra a doença entrou no calendário nacional e as ações nos colégios deixaram de ser feitas, o que diminuiu bastante a adesão.

– Este ano não temos uma meta, mas o alcance ficou bem restrito sem as ações nas escolas. Esperamos que os pais de meninas de 9 até 15 anos incompletos as levem às unidades de saúde porque se ela fizer as duas doses estará protegida para o resto da vida contra o câncer de colo do útero, que é o terceiro câncer que mais mata mulheres – defende Ivonete.

Vacinas disponíveis (indicações)

BCG – ID (formas graves de tuberculose)

VIP (poliomielite)

VOP (poliomielite)

Pentavalente (tétano, digteria, coqueluche, Haemophilus influenza b e hepatite B

Rotavírus Humano (Diarreia por rotavírus)

Pneumo 10 (Doença pneumocócica invasiva para os 10 sorotipos)

Meningo C (Doença meningocócica tipo C)

DTP (Difteria, tétano e coqueluche)

Tríplice viral (Sarampo, caxumba e rubéola)

Tetra Viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela)

Febre amarela (febre amarela)

Hepatite B (Hepatite B)

Influenza (gripe – influenza A e B)

Hepatite A (Hepatite A)

HPV (papiloma vírus humano)

Dia D

Confira os ambulatórios que ficarão abertos no sábado, Dia D da Campanha de Multivacinação. Os horários de atendimento vão das 8h às 16h.

Ambulatório Geral Haroldo Bachmann: Rua José Reuter, 125, Velha Central

Ambulatório Geral Marilene G. de Aguiar: Rua Norberto Seara Heusi, s/nº, Escola Agrícola

Ambulatório Geral Irmã Marta E. Kunzmann: Rua Progresso, 141, Progresso

Ambulatório Geral Mário Jorge Vieira: Rua Paula Hoeltgebaum, 170, Fortaleza

Ambulatório Geral Guilherme Jensen: Rua Dr. Pedro Zimmermann, 8.544, Itoupava Central

Ambulatório Geral Dr. Diogo Vergara: Rua Werner Duwe, s/nº, Badenfurt

Ambulatório Geral Heinz Schrader: Rua República Argentina, 2.077, Ponta Aguda

Médicos reforçam importância da vacina

Laerte Costa Alberton, pediatra do Hospital Dia do Pulmão

Qual é a importância de manter a carteira de vacinação em dia e quais as possíveis complicações quando isso não ocorre?

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A campanha é feita pelo governo porque principalmente porque, em algumas idades, os adolescentes não fazem o reforço. Os casos da vacina de HPV e de difteria, tétano e coqueluche são dois exemplos disso. O reforço é importante porque é necessário o número correto de doses para a proteção de anticorpos. Se a pessoa vai perdendo muito tempo, vai baixando a resposta imunológica. Se não completa o calendário vacinal também.

Quais os riscos quando esses reforços não são dados?

Perde-se muito a eficiência, às vezes é como se nunca tivesse tomado. Hoje em dia doenças como coqueluche e caxumba estão voltando porque nós adultos deveríamos também fazer essas vacinas e não fazemos. Como a gente fez quando era pequeno, não temos mais imunidade para não pegar a doença. Acabamos pegando, mas não manifestando o quadro clássico, e sim mais leve. Mas a gente acaba passando para as crianças que ainda não estão com calendário vacinal pronto. Isso acontece muito nessa época do ano e chama a atenção para a importância das vacinas e dos reforços.

Muriel Salete Giongo, ginecologista dos hospitais Santa Isabel e Santa Catarina

A Secretaria de Saúde aponta como maior preocupação a vacina do HPV, que está com alcance mais difícil. Qual a contribuição que essa vacina pode oferecer e por que ainda há distanciamento?

Lamentavelmente, por conta de informações incorretas, as pessoas estão deixando de usar uma arma maravilhosa, que é a vacina. Hoje temos muitos estudos mostrando o benefício para a paciente, diminuindo muito a possibilidade de em toda a vida desenvolver um dos cânceres mais comuns, que é o de colo do útero. Na rede particular, a mesma vacina custa mais de R$ 400 a dose. Por isso é preciso intensificar o pedido para que os pais e adolescentes procurem a vacina. Entre os ginecologistas, o incentivo à tomada da vacina é muito grande. Alguns acham que se der (a vacina) está estimulando a jovem a iniciar a vida sexual, e não é assim.

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Há algum fundamento na preocupação que os pais ou jovens têm?

Os riscos de vacina contra HPV são os mesmos da meningite, hepatite. Pode haver reações adversas, como qualquer outra vacina, mas deixar de vacinar é uma temeridade. Existe confusão de informação, tanto entre os pais, que temem complicações, quanto entre os jovens, que às vezes têm medo de agulha. Os benefícios superam em muito qualquer possível reação adversa.