Arlindo Michelute, de 63 anos, começou a fazer os exames preventivos de câncer de próstata aos 51 anos. Garante que nunca teve problemas em realizar o temido exame de toque, que dura cerca de 10 segundos. Porém, após um descuido de pelo menos três anos em que não procurou o médico, foi surpreendido por um tumor.
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– Em agosto de 2013 eu fiz a cirurgia e precisei retirar a próstata e os gânglios [linfáticos] porque já estavam muito tomados pelo tumor – conta.
Assista a um vídeo sobre os fatores de risco da doença e como se prevenir:
Além do convênio médico, foram gastos mais de R$ 20 mil em tratamentos e medicação e necessárias 38 sessões de radioterapia e injeções de hormônio para bloquear a produção de testosterona, responsável por fazer o tumor se desenvolver mais rápido.
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Hoje, Arlindo ainda precisa de acompanhamento médico e enfrenta o problema de disfunção erétil, um dos efeitos colaterais que espera superar em breve. Contudo, comemora a boa resposta ao tratamento e já faz planos para o futuro.
– Meu conselho é: faça o exame porque saúde é mais importante do que preconceito, e não se deve brincar com essa doença – reforça.
Superar o preconceito e conscientizar os homens sobre a importância dos exames preventivos e diagnóstico precoce da doença são os objetivos da campanha Novembro Azul.
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– O câncer de próstata não apresenta sintomas, se esperarmos por algum será tarde demais. O diagnóstico precoce é simples, mas muitas vezes os homens têm preconceito, pensam que vai afetar a autoimagem ou a masculinidade – diz o urologista Luís Felipe Piovesan, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) de Santa Catarina.
Piovesan afirma que os homens precisam se espelhar mais nas mulheres, que desde cedo procuram seu médico e cuidam da saúde. Ele destaca ainda que os catarinenses devem ter cuidados extras:
– No Estado temos uma incidência maior porque temos uma dieta associada a um consumo grande de proteína e gordura. Além disso, aqui há uma expectativa de vida maior e a doença tem a idade como um dos principais fatores de risco – alerta.
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Bigode é o símbolo da campanha
Desde o dia 1o de novembro funcionários da Komcorp Assessoria Empresarial e Contábil, em Florianópolis, decidiram deixar os bigodes em evidência. Nada de coincidência ou moda, a iniciativa faz parte do movimento Novembro Azul, campanha de conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata e outras doenças masculinas.
– Cerca de 90% dos homens da empresa aderiram. Nós disparamos o e-mail uns 20 dias antes para estimular a participação e agora já tem gente de fora da Komcorp divulgando fotos e também participando em nossa rede social – diz Diego Martins, responsável pelo marketing da empresa e pela ideia da ação.
O movimento Novembro Azul começou com um grupo de amigos na cidade de Melbourne, na Austrália, em 2004. Na ocasião, eles deixaram o bigode crescer para alertar sobre os riscos do câncer de próstata e a depressão masculina. O movimento denominado Movember (contração das palavras inglesas moustache, que significa bigode, e november, que é novembro) ganhou força e se espalhou pelo mundo e o bigode segue como símbolo da campanha.
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Os homens da Komcorp irão deixar os bigodões à mostra durante todo o mês e afirmam que a iniciativa chama a atenção e realmente auxilia na prevenção:
– As pessoas estranham e perguntam o porquê do bigode, então aproveitamos e explicamos a campanha – conclui Martins.
Programação em Florianópolis
Sábado, 8 de novembro, das 9h às 17h: Novembro Azul no Continente, na Avenida Beira-Mar Continental
Dia 14, às 10h: Palestra no Hemosc (Av. Prof. Othon Gama d’Eça, 756, Centro, Florianópolis)
Dia 18, às 14h: Palestra na Assembleia Legislativa (Rua Dr. Álvaro Millen da Silveira, 310, Centro, Florianópolis)
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Confira alguns dados do câncer de próstata:
No Brasil
A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para o câncer de próstata em 2014 é de 68,8 mil novos casos, ou seja, a descoberta de um caso a cada 7,6 minutos. Só para comparação, a expectativa para o câncer de mama é de 57 mil novos casos para este ano.
Número de mortes em 2011: mais de 13 mil, ou seja, um óbito a cada 40 minutos.
Em 2014, pode matar 12 mil homens brasileiros
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma.
A cada seis homens, um será portador da doença.
Em SC
Estimativa de 2.220 novos casos em Santa Catarina em 2014, o que representa uma taxa de incidência de 69,81 casos para cada 100 mil habitantes. Em Florianópolis, a estimativa é de 120 novos casos, uma taxa de 56,43 para cada 100 mil habitantes.
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É o segundo câncer que mais mata homens catarinenses, atrás apenas do de pulmão