O objetivo é nobre, mas a campanha da Fiesc pela diminuição dos acidentes de trânsito tem repercutido negativamente. Lançada no final de outubro, a campanha Moto pela Vida tem por objetivo diminuir o número de acidentes e recentemente ganhou outdoors, instalados em vários pontos da Grande Florianópolis, entre eles um bem em frente à Apae, no Itacorubi.
Continua depois da publicidade
Na peça, um cadeirante é representado usando capacete ao lado das frases: Não troque de transporte. Pilote sua moto com inteligência. A psicóloga e mestre em Psicologia Social Karla Garcia, 32 anos, é uma das críticas à campanha e autora de uma das postagens mais compartilhas sobre o assunto no Facebook.
– Sou uma pessoa com deficiência e a campanha pegou muito mal. Esse discurso alimenta estereótipos e preconceitos. Ele diz: não seja como essas pessoas, isso é ruim. Quando vi o outdoor pensei: então é ruim ser eu? Meu problema não é ter deficiência, mas encarar essas barreiras numa sociedade que não acolhe as diferenças. Não somos mais, nem menos – compartilhou com a coluna.
Karla, que também é membro do Núcleo de Estudos sobre Deficiência da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ainda chama a atenção para a necessidade de se discutir o preconceito contra deficientes.
– Muito tem se falado sobre discursos homofóbicos e racistas (o que é ótimo), mas pouco se trata da discriminação por pessoas com deficiência, que se chama capacitismo. Se trocarmos a mesma frase do outdoor por questões de gênero ou raça vai ficar ofensivo. Mas no caso da deficiência, as pessoas nem percebem que estão discriminando. Eu entendo que historicamente o significa da deficiência é ligado a algo ruim, que não funciona bem. Mas a gente luta para desconstruir essa ideia. A minha vida também tem que ser digna como todas as outras. Não existe só um jeito de ser/estar no mundo – explica Karla.
Continua depois da publicidade
Procurada pela coluna, a Fiesc informou que não vai se manifestar sobre o caso.