Há um ano e sete meses a vida da vendedora Simone Marques Marinho, 34 anos, é uma espera que parece eterna. Desde que descobriu que tinha leucemia, em janeiro de 2012, ela aguarda um doador compatível para fazer o transplante de medula óssea. Uma tarefa difícil. Estatísticas apontam que existe apenas um doador compatível em um grupo de 100 mil pessoas.
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Nenhum dos três irmãos, dos três filhos ou dos pais é compatível. Por isso, a própria família tomou a iniciativa e estendeu uma faixa, na Avenida do Estado, em Balneário Camboriú, para incentivar que as pessoas façam o cadastro e se tornem doadoras de medula óssea.
Além da faixa, a vendedora e a família incentivam as pessoas através das redes sociais, com campanhas encampadas por eles próprios. Apesar de ainda não terem achado um doador compatível com Simone, eles conseguiram fazer com que o número de pessoas interessadas em doar a medula óssea aumentasse consideravelmente, como conta a enfermeira Milene Aparecida Machado, responsável pelo setor de transplantes do Hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí.
– Em abril, quando a Simone fez uma campanha na internet, foram 88 cadastrados, o dobro do mês anterior, quando foram 47 – conta.
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Mas nem sempre é assim. Em junho, seis pessoas se cadastraram. Em julho foram oito, e, em agosto, apenas uma pessoa fez o cadastro no Marieta, unidade responsável por atender toda a região.
Segundo dados do hospital, são 1.207 pessoas cadastradas desde agosto de 2007, quando a unidade conseguiu a habilitação para fazer o cadastro de doadores. O número poderia ser maior, se as pessoas tivessem mais informação sobre o processo de transplante de medula óssea. Tese defendida tanto por Milene como por Simone.
– Muita gente pensa que vai tirar um pedaço da espinha – acredita a vendedora.
– Tem um pequeno incômodo. Mas é muito pequeno em relação ao benefício da pessoa que vai receber e também de toda a família – diz a enfermeira.
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É fácil se tornar um doador
A enfermeira Milene Aparecida Machado explica que o tempo de espera para achar um doador compatível é de seis meses. Mas alguns casos podem se estender um pouco mais, como o da vendedora Simone Marques Marinho, que está há um ano e sete meses no aguardo. Por isso, frequentemente, o Hospital Marieta participa de eventos para divulgar a importância da doação de sangue, órgãos e medula óssea.
Para se cadastrar, o interessado precisa procurar a unidade. No local, serão colhidos 5 ml de sangue, que vai para o banco de medula ósseas. Assim que for achado um paciente compatível, o doador é chamado para o transplante. Antes disso, o doador tomará uma medicação por alguns dias para estimular a criação de células novas. Enquanto isso, o paciente passará por uma nova sessão de quimioterapia para poder receber a doação.
– Para retirar as células, o doador toma uma anestesia na espinha. O líquido é tirado no final da coluna, já na bacia. O que a pessoa vai sentir é um pequeno incômodo por causa da agulha – explica Milene.
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A vendedora Simone, que aguarda ansiosa a chegada do doador, também não valorizava a importância de ser um doador de medula óssea até ficar doente. Diz também que, depois que teve o diagnóstico, começou a dar mais valor às pequenas coisas da vida. E já faz planos para quando ficar curada.
– Quero viajar mais e curtir bastante a minha família – comenta.
Você sabia?
l Transplante de medula óssea é a única esperança de cura para milhares de portadores de leucemia e algumas outras doenças do sangue.
l Qualquer pessoa com boa saúde entre 18 e 55 anos poderá ser um doador. A medula óssea é retirada do interior de ossos da bacia, através de punções e se recompõe em apenas 15 dias.
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l Tudo seria muito simples e fácil, se não fosse o problema da compatibilidade entre as medulas do doador e do receptor. A chance de encontrar uma medula compatível pode chegar a uma em um milhão.
l Por isso, são organizados Bancos de Doadores de Medula Óssea, cuja função é cadastrar pessoas dispostas a doar. Quando um paciente necessita de transplante, esse cadastro é consultado. Se for encontrado um doador compatível, ele será convidado a fazer a doação.
l Para o doador, será um incomodo passageiro. Para o paciente será a diferença entre a vida e a morte.
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l O instituto nacional de câncer é responsável pelo Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).
Como se tornar um doador
l Você deve ter entre 18 e 55 anos de idade e estar saudável
l Será retirada por sua veia uma pequena quantidade de sangue (5 ml)
l Seu sangue será tipado para HLA, que é um exame de laboratório para identificar sua característica genética
l Seu tipo de HLA será colocado no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome)
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l Quando aparecer um paciente, sua compatibilidade será verificada
l Se for compatível, outros exames de sangue serão necessários
l Se a compatibilidade com o paciente for confirmada, você será consultado para decidir quanto a doação
l Seu atual estado de saúde será avaliado
l Procure um Hemocentro ou Banco de Sangue mais próximo a sua residência e cadastre-se. Na região, o Hospital Marieta Konder Bornhausen é credenciado