Entre todas as preocupações que a diretoria da Associação Universo Down tem, uma das mais urgentes é realizar a reforma do telhado do antigo Centro de Educação Infantil Padre Carlos, no Centro de Joinville. Foi a falta de manutenção dessa cobertura que levou uma das unidades de ensino mais antigas da cidade à interdição e, por fim, ao abandono.

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Por isso, é a parte mais problemática da revitalização daquele espaço. Em compensação, todo o resto da estrutura do CEI Padre Carlos faz brilhar os olhos de quem enxerga no prédio, fechado há quase uma década, o futuro centro de referência para alunos e pacientes com Síndrome de Down da região Norte de Santa Catarina.

É sobre este sonho que um grupo de voluntários está se debruçando desde dezembro do ano passado, quando a ONG recebeu concessão de uso do imóvel do Governo do Estado. Agora, a diretoria estabeleceu metas e valores: em fevereiro de 2019, a campanha de arrecadação precisará ter alcançado R$ 500 mil. O valor garantirá a execução da primeira etapa do projeto de reforma do CEI Padre Carlos, para que as atividades da Universo Down, que são desenvolvidas em uma pequena casa alugada no bairro Bucarein, possam acontecer em uma sede própria.

— Cada sala do Cei Padre Carlos tem o tamanho de duas salas juntas onde estamos trabalhando atualmente. Então, para começar, só precisamos de cinco salas — conta a vice-presidente da ONG, Adriana Deyna.

O plano é reformar o telhado de todo o prédio imediatamente, mas dedicar o resto dos recursos para a revitalização de uma parte do prédio, e deixar os fundos e o segundo piso isolados em um primeiro momento. Por enquanto, a associação oferece atendimentos de terapia ocupacional e de fisioterapia, apoio pedagógico e aulas de dança e teatro, demandas que seriam bem acomodadas em apenas cinco salas.

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— Depois, o projeto é aumentar os serviços, com práticas esportivas, e ter uma equipe multidisciplinar para promover oficinas e envolver os alunos socialmente nas atividades — afirma a terapeuta ocupacional Bárbara Vieira.

O engajamento de Bárbara dentro da ONG vai além da profissão. Ela é responsável pela atividade que tem maior procura dentro da associação, já que ajuda a desenvolver habilidades motoras e para o dia a dia, e é também mãe de Murilo, de três anos. Foi a partir do nascimento do menino que ela, que já tinha experiência com pacientes com Síndrome de Down, decidiu se dedicar totalmente a este trabalho. Agora, espera que seja um lugar especial para ver o filho se desenvolver.

— Joinville não tem nenhuma outra instituição específica para pessoas com Síndrome de Down, onde você encontra profissionais com o mesmo foco — analisa ela.

Atualmente, a Associação Universo Down funciona em uma sede alugada no bairro Bucarein. Ela conta com R$ 8.049 mensais de um convênio com a Secretaria de Assistência Social e R$ 1.000 doados por uma empresa local para pagar todos os custos fixos, incluindo o aluguel de R$ 1.540 e o salário de funcionários. A maior parte da equipe é formada por voluntários.

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Voluntariado é principal ferramenta da reforma

Na semana passada, a ONG Universo Down abriu uma página em um site de financiamento coletivo. É uma forma de tornar pública e acessível a campanha de revitalização e transformação do prédio do CEI Padre Carlos na nova sede da ONG. Na página, a meta é arrecadar R$ 12 mil até a metade de outubro, que irão para a reforma de parte do telhado — até o fechamento desta edição, R$ 290 haviam sido doados.

A associação também já tem R$ 60 mil arrecadados em eventos beneficentes como um desfile inclusivo, uma feijoada e um simpósio, e em doações. Um morador das imediações, que quis permanecer anônimo, doou R$ 4 mil. Além disso, há voluntários ajudando na limpeza do local — que antes estava sendo usado por pessoas em situação de rua como abrigo — e agências e profissionais que se colocaram à disposição para colaborar na divulgação da campanha e na criação e execução do projeto de reforma.

Uma delas é Matilde Ihvens, arquiteta responsável pelo projeto arquitetônico e de acessibilidade. Apesar de um projeto de reforma proposto pelo Governo do Estado ter sido entregue à diretoria do CEI, Matilde está começando um novo projeto.

— O projeto do Estado tinha um orçamento muito alto, para o prédio todo, de acordo com as necessidades que eles tinham. Mas é um espaço com muito potencial e temos uma proposta paisagística que poderá transformar aquela região da cidade, com ideias, por exemplo, de criar uma horta comunitária com envolvimento dos moradores dos condomínios vizinhos — explica ela.

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Conheça a história:

O Jardim de Infância Padre Carlos foi inaugurado em 1963, em homenagem ao padre Carlos Boegershausen, que fundou uma escola na Colônia Dona Francisca em 1858 e era o proprietário do terreno onde atualmente estão os prédios do CEI Padre Carlos e da Escola Estadual Conselheiro Mafra, na rua Conselheiro Mafra.

Em julho de 2009, as infiltrações e goteiras em salas de aula e banheiros levaram a Vigilância Sanitária a interditar o prédio. Na época, como a unidade havia sido municipalizada recentemente, a Secretaria Municipal de Educação alegou que não poderia utilizar recursos municipais para reformá-lo porque a estrutura ainda pertencia ao Estado. Em 2010, a escola já não reabriu para o ano letivo.

Ao longo da última década, o imóvel foi considerado para servir de ampliação da Escola Conselheiro Mafra, para abrigar um centro de estudos, para ser a sede da Gerência de Educação e uma cessão de uso do CEI e da escola estadual chegou a ser feita ao Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), que desistiu dos imóveis em 2017.

Como ajudar:

Com doações pelo site de financiamento coletivo: https://www.kickante.com.br/campanhas/reforma-da-nova-sede-da-universo-down-joinville

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Com doações e oferta de trabalho voluntário pelo telefone (47) 3423-2102