Pelo menos 500 caminhoneiros estão parados nas estradas federais do Oeste de Santa Catarina desde segunda-feira e assim devem permanecer até as 17h da próxima quinta-feira. A indústria de suínos, aves, bovina e leiteira sofre com a distribuição de mercadorias e de ração para os animais. Três frigoríficos da empresa Aurora em São Miguel do Oeste e Maravilha paralisaram nesta manhã, e a empresa anunciou o fechamento de mais quatro deles. O prejuízo é de R$ 8 milhões diários para a empresa.

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Os motoristas que lideram a paralisação na BR-282, BR-163 e BR-158 aguardam a aprovação da alteração da Lei nº 12.619, que está prevista para as 14h desta quarta-feira. Eles reivindicam a mudança do intervalo de tempo entre viagens de 12 para 6 horas, e mais duas horas ao término da viagem.

Além disso, exigem a isenção dos pedágios para caminhões, a redução de 50% do preço do óleo diesel, o fim da restrição do horário de rodízio de placas no município de São Paulo e a melhoria na sinalização das rodovias. Os veículos não bloqueiam as estradas e estão estacionados nos acostamentos e nos postos de gasolina das cidades de Maravilha, São Miguel do Oeste, Iporã do Oeste, Cunha Porã e Palmitos.

– A BR-153, BR-282 e BR-158 estão intrafegáveis. Não vamos aceitar que continue assim, queremos uma melhoria urgente – disse um dos representantes da paralisação, Darci Zanotelli.

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Prejuízo do setor

O vice-presidente da secretaria da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina, Enori Barbieri, disse que ainda não contabilizou o prejuízo total, mas que a partir de quarta-feira a situação se agrava. Ele alerta para o reflexo da paralisação na indústria leiteira, já que o Oeste é responsável por 75% da produção catarinense: 6 milhões de litros por dia. Sem o transporte do leite para o processamento, a mercadoria terá de ser descartada.

– Só com o bloqueio de hoje (terça-feira) mais ou menos 50% da produção de leite foi afetada. A empresa Tirol, por exemplo, não tem onde colocar o leite – disse.

A Coopercentral Aurora Alimentos emitiu uma nota oficial após reunião na tarde desta terça e afirmou ser a principal empresa afetada, com prejuízo de R$ 8 milhões por dia. Nesta quarta-feira, a empresa ameaça o fechamento de sete unidades, entre elas as de Pinhalzinho (lácteos), Chapecó (suínos, três unidades), Xaxim (aves), Guatambu (aves) e Quilombo (aves). Mais de 2,5 mil funcionários foram dispensados do trabalho desde segunda-feira.

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Outras 19 empresas da Associação Catarinense de Avicultura (Acav) afirmam que irão funcionar sem mudanças nesta quarta-feira. São elas: Gallus Avícola, Globoaves, Villa Germania, BRF (Santa Catarina), Seara, Avícola Catarinense, Coopermac, Morgana Frangos, Brasil Food, JBS, Elegê, Pluma Agroavícola, Vossko do Brasil, Tyson, Pramouto, Frigorífico Ave de Ouro, Aviário Moraes, Avepar, CHM Avícola.

As empresas não estimaram qual o valor do prejuízo, mas calculam que será maior quando a ração dos animais acabar, o que deve ocorrer nesta quinta-feira. Por enquanto, segundo a maior parte delas, a situação está sob controle.

A paralisação é nacional, e inclui São Paulo e Rio de Janeiro, onde a mobilização é maior. A Advocacia-Geral da União informou que deve cobrar uma multa determinada pela Justiça Federal em R$ 10 mil por hora de interrupção de trecho.

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