Dietilpropiona, fenpropex, mazindol, metanfetamina e metilfenidato, popularmente conhecidas por bolinha, bola, ice ou rebite. Estas são algumas substâncias ativas que, acompanhadas da cocaína, estão no topo das alternativas que alguns caminhoneiros utilizam para manter o sono afastado das viagens que podem durar mais de cinco dias consecutivos.

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– Hoje, a moda da rapaziada é a farinha -, revela um motorista de 28 anos, caminhoneiro desde os 18 e que teve a identidade preservada.

Com uma religiosidade provavelmente semelhante à dos pais, que deram a ele o nome de um personagem bíblico, o caminhoneiro conta que já usou muito rebite para suportar as viagens, mas, atualmente, a motivação que o leva para as estradas é outra.

– Deus me livre, começou a dar sono eu já encosto para dormir porque tenho minha filhinha de quatro anos, minha princesa, minha riqueza. Então você tem que cuidar da vida.

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As viagens que o caminhoneiro paranaense está acostumado a fazer duram cerca de 13 horas. A necessidade de respeitar o sono para preservar a vida é incentivada por algumas empresas.

– Tem muita gente agora que estaciona para dormir, é exigido pelas empresas até, mas quando a gente anda sozinho no carro tem situação que é preciso tomar rebite -, admite.

Ele diz que o remédio é indicado para emagrecer, isso faz com que o motorista não tenha fome, sono e fique mais agitado o que “ajuda” o caminhoneiro a ficar na estrada.

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– Já cheguei a tomar três ou quatro por noite. Hoje eu durmo também, porque não compensa. Ficar sem dormir não vai te deixar nem mais rico, nem mais pobre -, reflete.

Muitos companheiros dele optam, além do rebite, pela cocaína, conhecida por farinha.

– O cara fica com vontade de acelerar. Só para para ir ao banheiro e volta a acelerar -, descreve.

De acordo com o caminhoneiro, a maior parte dos acidentes que já viu foram causados por motoristas que dormiram no volante.

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– Se ficar com sono, ou dorme ou toma rebite, não teima com sono, porque você dorme de olho aberto -, alerta.

O caminhoneiro mora no Paraná e conta que depende das próprias cargas que transporta para voltar para casa.

– Estou há duas semanas fora de casa, sem carga e sem dinheiro também -, diz.

De acordo com ele, o que o motorista ganha é praticamente gasto na própria estrada por causa dos altos preços do diesel e da alimentação.

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– O valor do frete é ruim e ainda precisamos manter o caminhão e a família -, lamenta.

O caminhoneiro já ficou 60 dias fora de casa, esperando serviço para transformar em dinheiro.

– Dá saudade, mas daí você conversa por telefone, só quando tem crédito também. Se não tem, espera aparecer um dinheiro.

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