Ao menos 15 pessoas morreram e 240 ficaram feridas em um potente atentado com caminhão-bomba na madrugada desta sexta-feira em um bairro residencial de Cabul, o primeiro ataque de grande porte na capital afegã desde a designação do sucessor do mulá Omar à frente dos talibãs.
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A explosão atingiu muitas casas, destruiu um mercado de frutas e criou uma enorme cratera de dez metros de profundidade no bairro residencial de Shá Shaheed, no leste da capital afegã, indicaram jornalistas da AFP.
O número de mortos passou a 15 e há mais de 240 feridos, disse à AFP Sayed Zafar Hashemi, porta-voz do presidente afegão, Ashraf Ghani, contra um balanço anterior de oito mortos e uma centena de feridos.
O atentado não foi reivindicado, mas chega em meio a uma onda de ataques de grande porte cometidos pelos talibãs.
O próprio presidente Ghani visitou vários feridos em um hospital administrado pela ONG italiana Emergency, em Cabul, segundo um comunicado da presidência.
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“Todo o meu corpo estava ensanguentado. A explosão foi muito forte, ocorreu em frente a nossa casa”, contou à AFP um dos sobreviventes, Habidullah, deitado em uma maca no hospital.
“Ao lançar um atentado suicida em um bairro residencial, os inimigos do povo afegão só colhem vergonha”, considerou o presidente afegão. A polícia acredita que o alvo do atentado era um edifício militar localizado perto da região do ataque.
O porta-voz dos talibãs, Zabihulá Moyahid, disse não estar ciente do atentado.
Os insurgentes não costumam reivindicar os atentados com vítimas civis, embora estas sejam as principais vítimas do conflito no Afeganistão, que começou em 2001 com a queda do regime dos talibãs. Nos seis primeiros meses de 2015, 1.592 civis morreram e outros 3.329 ficaram feridos em atos violentos, segundo a missão da ONU no Afeganistão.
Desde a saída da Otan do Afeganistão, em dezembro, a polícia e o exército estão sozinhos diante da insurreição, presente em quase todo o país.
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Divisão entre os talibãs
Antes do atentado em Cabul, os rebeldes talibãs mataram na quinta-feira nove pessoas em vários atentados cometidos na província de Logar, ao sul de Cabul, e em Kandahar, reduto da insurreição.
O primeiro ocorreu na entrada de um complexo da polícia em Pul-e Alam, a capital da província de Logar, ao sul de Cabul, e matou seis pessoas (três policiais e três civis), segundo as autoridades locais.
Durante a tarde ocorreram outros dois ataques na cidade de Kandahar, no sul do país, quando os talibãs atacaram uma delegacia e um posto de controle. Dois policiais e um agente morreram.
Trata-se da primeira onda de ataques importantes desde a designação do mulá Akhtar Mansur à frente dos talibãs na semana passada, substituindo o líder histórico dos insurgentes, o falecido mulá Omar.
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Os atentados de quinta-feira demonstram que os talibãs conservam sua força, apesar dos conflitos provocados pela sucessão, a primeira na história do movimento.
Uma parte dos talibãs, incluindo a família do mulá Omar, se nega a reconhecer o novo chefe, acusado de proximidade com o Paquistão, e denuncia uma sucessão muito rápida.
* AFP