Depois de adiar por meses um pronunciamento a respeito da permanência da Grã-Bretanha na União Europeia, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, prometeu ontem organizar um referendo em no máximo quatro anos para que seus concidadãos decidam se querem ou não continuar fazendo parte do bloco de 27 países.
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Haverá eleições parlamentares na Grã-Bretanha em 2015.
O caminho escolhido pelo premier, considerado de alto risco, foi interpretado como uma tentativa de colher dividendos políticos junto à parcela do eleitorado britânico que resiste a uma maior integração com o restante da Europa. Esse segmento é historicamente representado pelo Partido Conservador, de Cameron, que, no entanto, está dividido em relação ao tema. Embora seja parte da união, a Grã-Bretanha goza de um status particular: está à margem da zona do euro, não integra tratados de livre circulação de cidadãos nem de compartilhamento de prerrogativas policiais e judiciais.
Cameron negou que seja “isolacionista” e queira fazer dos britânicos “os noruegueses ou suíços da Europa”. Ele sustentou sua visão de que seja negociado um novo acordo para um bloco “flexível, adaptável e aberto”:
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– Se não enfrentarmos os desafios, o perigo é que a Europa fracasse e que os britânicos se dirijam à saída. Não quero que isto aconteça, espero que a Europa seja um sucesso.
A reação mais irritada veio dos parceiros europeus. O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, disse que “não se pode fazer uma Europa à la carte” e, num tom endereçado aos britânicos comuns, comparou o bloco a um time:
– Suponhamos que a Europa fosse um clube de futebol: quando você adere ao clube, não pode dizer, uma vez dentro, que vai jogar rugby.
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Já a chanceler alemã Angela Merkel afirmou que está “pronta para discutir os desejos britânicos”.