Quando nos casamos, meu marido e eu escutamos, muito empolgados, sobre os casais que compartilhavam a mesma cama. Para nós, entretanto, o dormir junto nunca foi fácil. John roncava, eu me mexia demais. Ele se deitava tarde, eu me levantava cedo. Para ele, o ideal era ter a cama geladinha, com os lençóis soltinhos, enquanto eu queria calor e a roupa de cama bem ajustada. Ou seja, nenhum dos dois descansava bem.

Continua depois da publicidade

Tal situação não era exclusividade nossa: são muitos os casos em que os hábitos de um do casal não deixam o outro dormir direito. Um estudo com 1.000 pessoas, realizado em 2007 pelo Better Sleep Council e patrocinado pela indústria de colchões, indicou que um em cada três participantes admitiram que os hábitos do parceiro afetavam seu sono.

Mas isso também não é motivo para desespero. Há muitas soluções criativas para enfrentar o problema, segundo designers e terapeutas. “Sou um romântico inveterado”, brincou o designer Christopher Grubb, de Beverly Hills, Califórnia, que contou que gostava de ajudar seus clientes para que durmam na mesma cama.

Os roncos de um dos parceiros é um dos problemas mais comuns, comenta Grubb.

Em um caso que ele conta, por exemplo, o casal resolveu a questão com uma almofada que combate roncos. Várias empresas fabricam esse tipo de almofada, desenhada para manter as vias respiratórias abertas. Grubb disse também que mesmo que os lençóis com muitos fios sejam mais gostosos de usar, um edredom que não pese muito pode ajudar a equilibrar as preferências quanto a temperaturas.

Continua depois da publicidade

Os casais devem buscar também camas que se ajustem às necessidades de cada pessoa

Às vezes, a solução é usar dois colchões grudados, em lugar de um grande. Diversas empresas oferecem produtos nesse sentido, nos quais uma base apoia dois colchões e, mesmo separados, os casais conseguem dormir juntos. Imagine duas camas de hospital grudadas uma à outra, que podem subir e descer separadamente, com um sistema de massageadores que pode substituir o despertador de manhã cedo.

Ou seja, cada parceiro pode escolher o colchão que mais lhe agrade, mais duro ou mais macio. Esse tipo de recurso vale a pena, segundo a psicoterapeuta Tina B. Tessina, que assina o blog Drª. Romance e escreveu o livro “Stop Fighting about the Three Things That Can Ruin Your Marriage”. “Dormir em camas separadas pode contribuir para o distanciamento que afeta tantos casais. Fomenta a separação daqueles que mais precisam estar juntos e se comunicar”, afirma Tessina.

Barbara Bartlein, psicoterapeuta clínica de Milwaukee e autora do livro “75 coisas que podem melhorar seu casamento sem que seu marido saiba”, disse que dormir é importante, mas também o é a conexão derivada do ato de dormir juntos. “É preciso fomentar a proximidade física e a intimidade do casal. Muitos casais se deitam juntos e logo se separam se alguém se mexe ou começa a roncar ou faz outras coisas desse tipo”, comentou. “Uma das vantagens de dormir juntos é que se pode falar. São conversas íntimas que se fazem na privacidade do casal e que ninguém mais ouve”.

Não se preocupe se o que funcionar para o seu casamento for incomum

Leta Hamilton, por exemplo, compartilha sua cama com seu filho e seu bebê, enquanto seu marido dorme no chão. Hamilton, que conduz um programa de rádio na internet sobre bebês, afirmou que seu marido, James, prefere dormir em superfícies duras, sem ninguém ao seu lado. Essa solução lhe permite dormir sozinho, mas junto do resto de sua família. “Desfrutamos muito o tempo que passamos juntos antes de ir para a cama. É algo especial”, desabafa Hamilton, de Sammamish, Washington (EUA). “Isso pode parecer meio estranho, mas todas as noites, quando me deito, digo a mim mesma que sou afortunada”.

Continua depois da publicidade

Pequenas coisas como cobertores especiais e despertadores podem ser de grande ajuda. Lissa Coffey, porta-voz do Better Council Sleep, compartilha que ela e seu marido têm preferências distintas no que tange a temperaturas e horários para dormir. Ela usa um cobertor elétrico ao lado de sua cama, enquanto ele quase não se cobre porque prefere temperaturas baixas. Coffey se levanta mais tarde, porque o marido usa um relógio despertador relaxante, que não faz muito ruído.

Qual foi a nossa solução?

Antes de mais nada, buscamos ajuda na Clínica de Transtornos do Sono da Universidade de Michigan. Os médicos comprovaram que os roncos não somente me incomodavam, como impediam ao John que dormisse bem. Recomendaram, então, um aparelhinho para a boca, que mantém aberta sua garganta. Meu estudo confirmou algo que John já sabia: que eu me mexo demais na cama, dezenas de vezes por hora, a cada noite. A mim, foi recomendada uma medicação que previne convulsões. Como meus movimentos não afetavam meu sono, optamos por uma solução que não envolve medicação. Começamos a usar colchões em uma cama grande, levemente separados. Assim, quando me mexo, não incomodo ao John.