É como se os donos da Camargo Corrêa, um dos maiores grupos empresariais do país, decidissem abrir mão de joias que estão há muitos anos na família. As participações acionárias na Itaúsa (Itaú Unibanco), na gigante do alumínio Alcoa e na Tavex (maior fabricante mundial de denim, o tecido do jeans) serão colocadas à venda, depois de anos no portfólio do grupo.
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A intenção é usar as receitas das vendas para investir nos negócios hoje prioritários na Camargo Corrêa: cimento, construção pesada e concessões de rodovias e na área de energia. O Banco Rothschild já foi contratado para avaliar e negociar os 4,4% que a Camargo tem na Itaúsa, a holding que controla o Itaú Unibanco. O mercado avalia o negócio em cerca de US$ 1,5 bilhão.
A direção da Camargo não confirma essas informações, mas pessoas que conhecem a operação dizem que a intenção é aguardar pelo melhor momento e, se ele não aparecer, manter Itaúsa e as outras participações na carteira do grupo. Chegou-se a discutir a venda de parte dos 11,5% que a Camargo tem na siderúrgica Usiminas, mas a ideia foi deixada de lado.
O movimento da Camargo Corrêa é ousado, mas silencioso, bem ao estilo de seus donos – a viúva de Sebastião Camargo, fundador do grupo, morto em 1994, as três filhas do casal e seus respectivos maridos. Ele começa com a meta de elevar o faturamento anual do grupo de R$ 15 bilhões no ano passado para R$ 40 bilhões até 2013. Para concretizar esse plano, o comando do grupo calculou que será necessário investir cerca de R$ 27 bilhões nesse período. Desse total, espera-se conseguir cerca de R$ 13 bilhões em empréstimos e algo como R$ 6 bilhões com a geração de recursos próprios. Os últimos R$ 8,5 bilhões serão obtidos por meio da venda de ativos ou no mercado de capitais.
– Não vou comentar especificamente A, B ou C. Agora, quando você olha nossos negócios, Itaúsa ou Alcoa são ativos que não entram nas categorias de negócios principais, consolidados ou em desenvolvimento. Logo, são reservas de valor, são ativos que têm liquidez, é como se fosse caixa – diz o presidente do Conselho de Administração da Camargo, Vitor Hallack.
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O executivo explica, ainda, que além de captar recursos por meio das empresas já listadas em bolsa, o grupo poderá abrir o capital de outras companhias “no tempo devido”. A estratégia da Camargo Corrêa é explorar as oportunidades potenciais no campo da infraestrutura.
– Imaginamos que o Brasil será mesmo um dos primeiros países a sair da crise e, quando isso acontecer, vai precisar investir em infraestrutura. Estamos posicionados para isso – afirma Hallack.