A Câmara de Vereadores de Itajaí faz uma sessão extraordinária nesta quarta-feira às 14h para votar o pedido de cassação de Tonho da Grade (PP). Ele é acusado de improbidade administrativa por ter prestado, com a própria empresa, serviços à concessionária do transporte coletivo no município.
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No ano passado, Tonho passou pela Comissão de Ética por uma situação parecida: sua empresa tinha prestado serviço para a Fundação Cultural de Itajaí. Ele foi considerado inocente e o caso não chegou a ser levado ao plenário. Agora, o fato de ser reincidente pesou no novo processo.
Até agora, nenhum vereador teve o mandato cassado por seus próprios colegas no município. A última vez em que o Legislativo discutiu uma possível cassação foi há seis anos. A votação, que definiria se o então vereador Marcelo Werner (PCdoB) teria obtido vantagens por ser sócio de uma empresa que tinha contratos com a prefeitura, ocorreu de forma secreta e terminou decidindo pela absolvição do parlamentar. Desta vez, os votos serão abertos.
– É uma sessão pública, com voto aberto. O vereador terá direito a ampla defesa, poderá falar sobre a situação e seu advogado também. Depois cada parlamentar vai votar – explica o presidente da Casa, Luiz Carlos Pissetti (DEM).
Preparado para recorrer
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Terça-feira à tarde, Tonho disse estar tranquilo em relação à votação. Ele baseia sua defesa na ideia de que o contrato com a prefeitura foi assinado antes de ele assumir o mandato na Casa, em junho de 2010.
– Eu assinei o contrato em fevereiro de 2010 e assumi em junho. Eu não exercia mandato na época, não é possível me condenar por ter feito algo fora do meu mandato. Quando assumi, continuamos o trabalho porque o contrato já estava em andamento. Estou bem fundamentado no que eu fiz e preparado para tomar as providências cabíveis – afirma.
O parlamentar diz ainda que considera que a possibilidade da cassação é uma tentativa de desviar a atenção da população depois dos escândalos recentes no município:
-Tenho empresa há 32 anos. Estou servindo de bode expiatório em uma situação que não posso ser considerado culpado – argumenta.
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Reunião marca ano de turbulências
A sessão que discute a cassação de Tonho da Grade (PP) hoje ocorre em meio às tempestades políticas causadas pelas Operações Parada Obrigatória 2 e Dupla Face em Itajaí. Há três meses o plenário do prédio localizado na Avenida Contorno Sul convive com as manchas e os impactos causados pelas prisões de dois parlamentares, um suplente e um vereador licenciado.
Em julho, o primeiro a ser detido foi o vereador José Alvercino Ferreira (PP), o Zé, apontado pelo Gaeco como um dos responsáveis por um esquema de corrupção na Codetran. Zé continua preso na Canhanduba e virou réu no processo que tramita na 1ª Vara Cível de Itajaí. Uma CPI foi instaurada para investigar os supostos crimes.
Quarenta dias depois, uma nova ação prendeu Douglas Cristino (PSD) – que chegou a ser presidente da Casa e se licenciou para comandar a Secretaria de Planejamento. Ele foi exonerado da prefeitura e solto em setembro. Dias depois foi a vez de Afonso Arruda (PMDB) ter a prisão decretada pela Justiça por suspeitas de envolvimento no mesmo esquema. Substituído pelo suplente, Sadi Pires (PMDB) – que também foi detido pela Dupla Face – Arruda pagou fiança, foi solto e reassumiu o cargo na semana passada. Ele deve participar da votação hoje.
O presidente da Câmara Luis Carlos Pissetti (DEM), argumenta que a Câmara não tem nenhuma relação com os fatos apurados pelo Gaeco.
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– As situações são relativas a períodos em que os parlamentares investigados atuavam no Executivo, não tem nada a ver com o Legislativo – alega.