Em tempo recorde, a Câmara dos Deputados aprovou a proposta de emenda à Constituição (PEC) que libera R$ 41,2 bilhões para criar e ampliar benefícios sociais às véspera da eleição.

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O placar da votação, em segundo turno, foi de 469 a 17. O único deputado catarinense que votou contra a PEC foi Gilson Marques (Novo) – ele já tinha se posicionado contrário à proposta no primeiro turno. 

Em vitória para o governo Jair Bolsonaro (PL), os parlamentares mantiveram a expressão “estado de emergência” no texto da PEC que cria um vale para caminhoneiros e taxistas, dobra o valor do Auxílio Gás e amplia o Auxílio Brasil para R$ 600 até o fim do ano, a um custo estimado em R$ 41,25 bilhões.

A expressão foi a solução encontrada para permitir que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fure o teto de gastos e crie novos benefícios sociais a poucos meses da votação para a Presidência, sem ferir a lei eleitoral.

O texto-base foi aprovado na noite de terça-feira (12) por 393 a 14 – eram necessários ao menos 308 votos. Nesta quarta-feira (13), os deputados rejeitaram, por 361 votos a 142, o destaque para suprimir a expressão “estado de emergência” do texto.

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O texto ainda precisa ser promulgado pelo Congresso Nacional para começar a valer. A previsão é de que a assinatura não passe de sexta-feira (15), porque essa etapa é necessária para o governo federal conseguir iniciar os trâmites para o pagamento dos benefícios.

Por ser uma PEC, quem formaliza a promulgação é o próprio Congresso, em sessão conjunta conduzida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O regimento não prevê um prazo, ficando a critério de Pacheco definir a data.

O que prevê a PEC

Auxílio Brasil vai aumentar para R$ 600

  • Ampliação de R$ 400 para R$ 600 neste ano e governo promete zerar a fila
    O custo total é de R$ 26 bilhões

Caminhoneiros terão auxílio de R$ 1 mil

  • Benefício de R$ 1 mil será pago a caminhoneiros autônomos cadastrados na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) até 31 de maio
  • O custo é de R$ 5,4 bilhões

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Auxílio-gás de R$ 120

  • O valor do benefício pago a cada dois meses vai dobrar, para cerca de R$ 120 por bimestre
  • Atualmente o benefício é de 50% do valor médio do botijão de 13 kg (considerando a média dos últimos seis meses)
    O custo da medida é de R$ 1,05 bilhão

Auxílio para taxistas

  • Limitado a R$ 2 bilhões

Verba para transporte gratuito para idosos

  • Autorizar repasse de verba para garantir a gratuidade para idosos no transporte público municipal e intermunicipal, em regiões metropolitanas. Gratuidade, prevista em lei, já está em vigor atualmente
  • O custo da medida é de R$ 2,5 bilhões

Repasse de verba para o setor do etanol

  • Repasse a estados para compensar cortes em alíquotas de tributos sobre o etanol e manter a competividade do combustível na comparação com a gasolina
  • O custo da medida é de R$ 3,8 bilhões

    Decretação de estado de emergência

​Possibilita o pagamento de novos benefícios, como o auxílio para caminhoneiros, mesmo em ano de eleição

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  • Estado de emergência visa proteger o governo em casos de questionamentos jurídicos por infração à legislação eleitoral

Quanto ela deve custar?

A medida tem impacto previsto de R$ 41,2 bilhões além do teto de gastos do governo

STF envia à PGR quarto pedido de investigação contra Bolsonaro no caso MEC

Qual a justificativa para o estado de emergência?

O relator da matéria, o senador e ex-líder do governo Fernando Bezerra (MDB-PE) aponta a Guerra na Ucrânia e o impacto sobre os combustíveis para pedir o reconhecimento do estado de emergência.

O que muda com o estado de emergência?

O estado de emergência pode ser decretado em situações extraordinárias. Ele só pode ser declarado pelo governo diante de alguma ameaça que possa provocar uma instabilidade no país.

No Brasil, a lei eleitoral proíbe a implementação de novos benefícios no ano de realização das eleições, justamente para evitar o uso da máquina pública em favor de um dos candidatos. As únicas exceções são programas já em execução ou quando há calamidade pública ou estado de emergência.

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No caso da PEC Kamikaze, o estado de emergência seria regulamentado pela própria proposta e afastaria todas as vedações ou restrições previstas na legislação.