O intenso calor que fez a sensação térmica na rua chegar a 50°C trouxe à tona um tema pouco debatido na rotina das indústrias de Joinville: a temperatura a que são submetidos os trabalhadores de fábricas em ambientes sem ar-condicionado.

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O verão atípico chegou de surpresa e as companhias tomaram várias medidas de última hora para amenizar o desconforto na manufatura – as principais são a hidratação frequente, a instalação de sistemas de ventilação extras e a liberação do uso de bermuda.

O setor que sentiu maior impacto em Joinville foi o dos metalúrgicos. O presidente do sindicato laboral Sebastião de Souza Alves recebeu durante a onda de calor de 10 a 15 relatos de indisposição por semana, como dor de cabeça, cansaço ou tontura. Os casos mais graves, segundo ele, foram dois desmaios na Tupy, maior metalúrgica da América Latina.

A companhia informou que os dois casos de mal súbito, ocorridos neste mês, foram tratados no ambulatório interno. Neste ano, a fundição já distribuiu 50 mil litros de isotônico em 45 áreas da fábrica, definidas conforme avaliação de médico, nutricionista e engenheiro de segurança. Segundo a empresa, não há registro de desidratação entre os funcionários.

Para a médica do trabalho e consultora em saúde ocupacional do Sesi-SC, Patrícia Figueiredo, termômetros marcando 40°C e sensação térmica de 50°C são fatos novos, e será preciso saber lidar com a situação do trabalhador em temperaturas elevadas

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Próximo verão

Aumentar o tempo de descanso é uma das reivindicações dos sindicatos para amenizar os efeitos das altas temperaturas. O sindicato laboral dos metalúrgicos, por exemplo, pediu às 12 maiores empresas do setor na cidade (aquelas com mais de 200 empregados) que aumentassem de 30 minutos para uma hora o tempo de parada para as refeições. Duas semanas depois, nenhuma delas ainda havia aderido oficialmente à proposta.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Oficinas Mecânicas de Joinville, Evangelista dos Santos, também defende intervalo maior ou revezamento de funcionários. Segundo ele, os profissionais estão pedindo algo além do que tem sido feito, porque as medidas não estão dando conta.

Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Material Plástico de Joinville, Silvio de Souza, reconhece que não é possível resolver a situação de uma hora para outra. Por esta razão, a entidade vai incluir o tema na pauta das negociações que começam em março e antecedem o dissídio da categoria, em abril.

Souza acredita que o tema não deve se restringir ao setor do plástico. Ele pede o envolvimento de outros sindicatos, técnicos, Ministério do Trabalho e empresários para chegar a um pacote de medidas que evitem o mal estar nas fábricas no próximo verão.

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Altas temperaturas mudam rotina das empresas em Joinville