Os reflexos do calor intenso que castigou a agricultura no início do ano devem se estender por mais um mês, pelo menos no caso das verduras. Com preços em alta e qualidade em baixa, os produtos como alface, rúcula e agrião, estão escassos no mercado.
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Na unidade de Blumenau da Central de Abastecimento do Estado de Santa Catarina (Ceasa) o valor de verduras dobrou desde janeiro. É o caso da alface, que passou de R$ 0,70 para R$ 1,50 a unidade no atacado. Com o chuchu, que necessita de umidade para se desenvolver, o reajuste foi ainda maior: a caixa passou de R$ 20 para R$ 60 – o que representa 200% de aumento.
– Além do preço elevado, boa parte dos produtos também não está com boa qualidade. Muita coisa é descartada antes mesmo de chegar ao cliente – comenta o gerente da Ceasa, Atair Correa.
No mercado de frutas e verduras de Anderson Douglas Reichirt, no distrito Garcia, a caixa que deveria ter couve-flor e brócolis está vazia. O motivo não é a procura, mas a falta do produto. Há duas semanas ele não consegue comprar os itens para oferecer aos clientes. O comerciante relata que já chegou a buscar no supermercado para atender à freguesia:
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– Acabo trabalhando sem margem de lucro para não perder clientes.
Em supermercados a situação não é diferente. Na Cooper, o responsável pelo setor de hortifruti, Mauro Lúcio Feller, comenta que a rede chegou a ficar sem verduras.
– Nosso estoque de folhosas ficou praticamente zerado. Fora que o valor do repolho, por exemplo, aumentou 300% no atacado – relata.
Se para o comerciante está difícil, para o consumidor final o preço e a qualidade estão ainda pior. A dona de casa Íris Filippi foi ao comércio de Reichirt na esperança de encontrar folhosas mais em conta. Ela comenta que em supermercados o valor dos produtos quase triplicou. Usa como exemplo o repolho, que passou de cerca de R$ 2 para R$ 4.
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– Não sei como dá para substituir uma coisa por outra. O negócio é deixar de comer mesmo _ diz.
Coordenadora do curso de Nutrição da Furb, Anamaria Araújo da Silva explica que na falta de alface, rúcula ou brócolis uma das opções é usar a couve, espinafre ou chicória:
– É difícil de substituir, pois cada uma tem sua importância nutricional. Mas na falta deles uma outra opção é comer legumes crus.
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Produção deve voltar em um mês
A maioria das hortaliças, especialmente as folhosas e as brássicas (couve-flor, brócolis, repolho) é pouco resistente ao calor e à radiação solar, explica Francisco Heinden, técnico do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa). Segundo o especialista, o tempo para o abastecimento voltar ao normal é de um mês a 45 dias.
– O pior período para se plantar esse tipo de alimento é da segunda quinzena de dezembro a meados de fevereiro. Também é comum nesta época os compradores trazerem os produtos de outros estados – comenta.
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