Chuva, calor. Muita chuva, mais calor. Um pouco mais de chuva e dias insuportáveis de tão quentes. Essa receita simples, com apenas dois ingredientes, foi o suficiente para ocorrer em Blumenau um fenômeno incomum: a floração simultânea das extremosas e das quaresmeiras na paisagem urbana.

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Com flores previstas para diferentes épocas do ano, as duas árvores coloriram a cinzenta paisagem da cidade nos dias – adivinhe? – de chuva durante a semana que passou. O fenômeno tem uma explicação, conforme o professor de botânica da Furb e um dos responsáveis pela confecção do Inventário Florístico-Florestal de Santa Catarina (IFF-SC), André Luiz de Gasper: o tempo muito quente e com chuva excessiva estressa a árvore, o que induz à floração. A planta imagina que pode vir a morrer por conta das condições do tempo e que para dar sobrevivência à espécie precisa reproduzir.

Ver as flores de ambas as árvores é comum durante o ano, porém não necessariamente ao mesmo tempo. A quaresmeira – como indica o próprio nome – costuma florescer entre o fim de fevereiro e abril, nos dias que antecedem a Páscoa, o período da Quaresma na tradição cristã. A planta é nativa brasileira, originária do Sudeste e difundida no Sul, principalmente por ser fácil de cultivar em áreas urbanas.

Já a extremosa é importada da Índia. Foi introduzida nos Estados Unidos pela primeira vez em 1790 por Andre Michaux e, anos depois, chegou ao Brasil.

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Para o biólogo Lauro Bacca, o atraso das estações pode ter sido o fator determinante para o desabrochar tardio das flores da extremosa.

– A impressão que tive é de que nesse ano demorou tudo. Até os lagartos levaram mais tempo para sair da toca. Tivemos muitos meses de tempo frio ou fresco, o que acaba influenciando em fenômenos naturais – comenta.

– Essa também é uma possibilidade – finaliza Gasper.