Quando os jogadores de futebol sul-americanos embarcaram de volta para a Europa após os jogos das Eliminatórias para a Copa do Mundo nesta semana, deviam estar se perguntando se o calendário internacional da Fifa está realmente funcionando.
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Muitos disputarão seu terceiro jogo em oito dias e em diferentes continentes neste final de semana depois de terem sido submetidos ao tratamento que o calendário deveria evitar.
Jogadores como Hernán Crespo, da Argentina e do Chelsea; Ronaldo, do Brasil e do Real Madrid; e Roque Santa Cruz, do Paraguai e do Bayern, de Munique, são alguns exemplos.
Todos jogaram por seus clubes na semana passada, viajaram para a América do Sul, jogaram por seus países na terça ou na quarta e viajaram de volta para seus clubes logo depois.
A maioria dos técnicos sul-americanos teve que se virar tendo apenas um treino antes dos jogos, que eram cruciais para as chances de garantir uma vaga no Mundial da Alemanha, em 2006.
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O técnico do Paraguai, Anibal Ruiz, considerava o jogo de sua equipe contra o Brasil em Assunção o mais importante de sua campanha.
Mas ele teve apenas dois rápidos treinos com seus jogadores antes do que poderia ser uma das melhores partidas do ano.
Kaká culpou a falta de treinos pela falta de gols dele, de Ronaldo e de Ronaldinho Gaúcho no empate em 0 a 0 na quarta, dia 31.
– Não dá para esperar que a gente tenha a mesma performance que temos em nossos clubes – disse ele. – No Milan, eu jogo toda quarta e domingo com os mesmos jogadores. Tudo que pudemos fazer aqui foi uma conversa no hotel.
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O problema surgiu depois que a Fifa concordou em abrir uma exceção em seu calendário para que a América do Sul pudesse manter seu sistema de classificação, em que os 10 países se enfrentam duas vezes em um grupo único.
Para acomodar as 18 rodadas, a Fifa permitiu que dois jogos – o primeiro foi nesta semana e o segundo será em novembro – ocorressem em datas destinadas a amistosos internacionais. Mas, em uma decisão aparentemente com o objetivo de satisfazer aos clubes europeus, a Fifa determinou que a regra para amistosos deveria ser seguida – os jogadores só precisam ser liberados 48 horas antes da partida em vez de cinco dias para jogos que fazem parte de uma competição.
A Associação de Futebol Argentina (AFA) protestou junto à Fifa depois que a Inter, de Milão, incluiu os meias Javier Zanetti e Cristian Gonzalez na equipe que enfrentou o Reggina no domingo, pelo Campeonato Italiano.
O técnico Marcelo Bielsa os dispensou, dizendo que eles não estariam na melhor forma para enfrentar o Equador em Buenos Aires na terça se só poderiam chegar na segunda de manhã.
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– É uma agressão contra os jogadores porque os obriga a assumir compromissos nas condições erradas – disse Bielsa. – Eles não teriam condições de lidar com as exigências do futebol profissional. Disse a eles que pedir que não viajassem nessas condições mostrava o valor e reconhecimento deles como jogadores.
As informações são da agência Reuters.