Com os recentes aumentos no preço da gasolina e o impacto da greve dos caminhoneiros, cresce a procura dos motoristas por uma opção já adotada em milhares de veículos em Santa Catarina: a conversão para o gás natural veicular (GNV), que mantém a opção de se usar gasolina ou etanol no veículo. No Estado, até a última quarta-feira a Associação Catarinense dos Organismos de Inspeção (Acoi) contabiliza um crescimento de pelo menos 20% na procura pela conversão ou manutenção de automóveis movidos a GNV.

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O custo da instalação depende do tipo de equipamento e do veículo. Pode partir de R$ 2 mil e chegar a até R$ 7 mil, mas na maioria dos casos varia entre R$ 3 mil e R$ 4 mil, aponta o empresário Edson Mendes Junior, que atua no setor.

De acordo com Alessandro Cim, diretor da Acoi, o GNV chega a ser três vezes mais econômico do que o combustível líquido. Enquanto o quilômetro rodado com o gás natural custa R$ 0,15, essa conta sobe para R$ 0,45 com a gasolina. Em muitos casos, os únicos problemas costumam ser as perdas de potência do motor, mais sentida em veículos 1.0, e da garantia dada pela montadora fabricante.

Faça o teste abaixo para saber se vale a pena instalar GNV

Vantagens e desvantagens

A vantagem de ter um veículo adaptado para o GNV é maior para quem roda mais. Esse proprietário terá de volta mais rapidamente os gastos com a conversão em forma de economia. Isso deve ser levado em conta na avaliação para saber se vale a pena ou não investir na adaptação. Com um custo em torno de R$ 4,5 mil, o retorno do investimento pode vir em nove meses para quem anda 100 quilômetros por dia, por exemplo. Para esse motorista, a economia por mês com o gás natural pode ficar perto de R$ 500.

Mas quem olhar só para o bolso e para os preços nas bombas de gasolina na hora de decidir pode se arrepender. A opção traz consequências que precisam ser bem avaliadas. O cilindro de gás segue tirando espaço do porta-malas, problema a ser lembrado naquela viagem de férias. Subir uma lomba, por exemplo, pode ficar mais difícil porque há perda de potência no veículo. Mas a perda da garantia, entretanto, é a consequência mais relevante para os veículos novos.

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Também não podem ficar longe da vista do proprietário as vistorias e taxas do Detran. Como se trata de uma alteração das características do veículo, a mudança precisa ser antes autorizada pelo órgão de trânsito. E, depois de executada, o veículo deverá passar por nova revisão.

Perguntas e respostas sobre o GNV

O que é GNV?

GNV é a sigla para Gás Natural Veicular. É o mesmo gás natural usado em residências, comércio e indústria (não confunda com o GLP, o gás de cozinha), mas aplicado sob alta pressão em veículos através de cilindros especiais. É um combustível alternativo.

É seguro?

Se for realizada a instalação adequada, sim. Os cilindros de armazenamento são muito mais resistentes do que botijões, tornando praticamente nula a chance de vazamento.

Qual é a economia na hora de abastecer?

Com os preços atuais, pode chegar a 65% em relação à gasolina e a 75% em relação ao etanol. Abastecendo R$ 20 de GNV, é possível rodar cerca de 100 quilômetros, quase o dobro do que se roda abastecendo com gasolina.

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Quanto custa fazer a conversão?

Usando como referência o kit mais atual, de quinta geração, o valor para fazer a conversão fica em torno de R$ 4,5 mil. Mas, de acordo com o tipo de veículo, esse custo pode ser um pouco maior ou menor. Não se esqueça das taxas do Detran.

Há outros benefícios além da economia?

A combustão do GNV tem baixíssimo nível de resíduos, o que aumenta a vida útil do carro. Também é mais seguro porque, durante o abastecimento, o gás não entra em contato com o ar, evitando risco de explosão. O GNV é 100% puro, sem risco de sofrer adulteração.

Em quanto tempo se tem o investimento de volta?

Varia de acordo com o uso do veículo. Quem circula mais verá o investimento voltar mais rápido. Para um automóvel que percorre em torno de 100 quilômetros por dia (equivalente a 3 mil quilômetros por mês), esse investimento pode ser pago em até nove meses. Dependendo da oficina instaladora escolhida, pode-se parcelar o pagamento.

Onde se faz a conversão para GNV?

O consumidor deve escolher somente as instaladoras homologadas pelo Inmetro. Além disso, a Sulgás possui programa de certificação de instaladoras, chamado Instaladora Nota 10.

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Antes de decidir, confira os pontos negativos:

– Mesmo com avanços na tecnologia do kit de quinta geração, ainda há perda de potência nos carros com o GNV. Essa perda é mais sensível nos veículos de menor potência.

– A perda de espaço para bagagem por conta da instalação do cilindro precisa ser levada em consideração. Em alguns veículos, como a Chevrolet Spin, a questão foi resolvida com a instalação do kit embaixo do veículo.

– Péssima notícia para donos de veículos novos: mesmo com certificado do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), a conversão faz o veículo perder a garantia da montadora. Discussões estão em andamento com algumas concessionárias para reverter isso, mas não há prazo para avanço.

– É preciso lembrar que o GNV não é encontrado em todos os postos de combustíveis. Isso exige mais planejamento na hora de abastecer. Segundo a Sulgás, há 83 postos oferecendo o gás em 29 cidades gaúchas.

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– Deve-se levar em conta a documentação necessária junto ao Detran/RS, porque se trata de uma alteração das características do carro. O dono deve levar o veículo para vistorias no órgão e nada é de graça. Para um veículo de passeio com até 15 anos de fabricação, as taxas junto ao Detran custam cerca de R$ 470.

O passo a passo da conversão:

– Solicitar em um Centro de Registro de Veículos Automotores (CRVA) a autorização para alterar combustível.

– Encaminhar o veículo para adaptação em oficina credenciada junto ao Inmetro.

– Após convertido, o veículo deve ser inspecionado em organismo de inspeção credenciado pelo Inmetro, com a autorização do Detran, a nota fiscal do serviço e o Atestado de Qualidade do Instalador Registrado para a obtenção do Certificado de Segurança Veicular (CSV).

– De posse do CSV e da nota fiscal do equipamento, deverá reapresentar o veículo no CRVA para o registro da alteração do combustível.

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– Registrada a alteração de combustível, o proprietário retornará ao organismo de inspeção para colocação, no para-brisa, do selo que permitirá o abastecimento.

Fontes: Detran/RS e Sulgás

* Colaborou Guilherme Justino