A escola são os furtos e assaltos em residências e carros da Grande Florianópolis. Seduzidos pelos altos valores em dinheiro vivo e por não precisarem confrontar a polícia, integrantes da quadrilha do Kiko, presa na segunda-feira, migraram para o furto a caixa eletrônico com o uso de maçarico.

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Antes, porém, de atacarem mais de dez caixas na região, incluindo o do banco Santander dentro do Hospital de Caridade, na Capital, a quadrilha contratou mão-de-obra especializada.

São os caixeiros de Joinville, reconhecidos nacionalmente entre a bandidagem por seu domínio de arquitetura de caixa eletrônico. Eles prestaram consultoria porque conhecem o principal em se tratando de arrombamento com maçarico: o lugar exato para fazer o corte do terminal, a gaveta onde ficam as notas. Se o corte é feito errado, toda a ação pode falhar. Desde a queima das cédulas até a combustão do caixa.

O apelido que os criminosos deram ao objeto que “cospe” fogo usado em serralheria foi escolhido pela Polícia Civil para batizar mais uma operação contra este tipo de crime: a Operação Dragão, deflagrada segunda-feira pela Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic).

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Foram 11 mandados de prisão e 20 de busca e apreensão em Florianópolis, São José e Joinville. Cinco prisões preventivas e uma temporária foram cumpridas, além dos mandados de busca. Os cinco foram apresentados à imprensa, na segunda, na Deic. Demonstraram senso de humor, rindo bastante e achando graça quando perguntados quanto faturavam por caixa.

Entre os presos com preventiva estão um dos líderes e homem que dá nome ao bando, Marcos Antônio da Silva, o Kiko, o outro líder Rafael José Dias, o Gordo, Sandro Leal Moraes, o Picolé, o corretor de imóveis nas horas vagas em Joinville, Cristiano Urbano Frider, e Alessandro Rosa Domingues. Alessandro foi preso por tráfico de drogas em flagrante com 600 gramas de crack e cocaína e maconha. Ele era vigilante terceirizado do Caridade e facilitou o ataque no hospital.

Kiko e Gordo já foram presos pela Deic antes, na Operação Ali Babá, em 2010, por furtos em casas e carros. Assim como na Ali Babá, a Dragão levou dois meses de investigação da Divisão de Furtos e Roubos da Deic, sob coordenação de um de seus titulares, delegado Diego Azevedo.

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_Esta é a quadrilha que mais atuava na região por isso a importância de sua prisão. As investigações continuam_disse Azevedo.

Segundo Azevedo e o outro titular, delegado Anselmo Cruz, nenhum escuta foi usada.

_Foi um trabalho clássico de polícia civil. Investigação com campana, seguindo os suspeitos, análise das filmagens dos locais, e deleção premiada, quando uma pessoa que participa do esquema depõe entregando os comparsas_contou Anselmo.

Foram apreendidos mais de seis sacolas de “provas”, segundo o diretor da Deic, Akira Sato. Ele garantiu que mais gente será presa esta semana e lembrou que a operação foi prejudicada por causa de interferências.

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Sato se referia a prisão de Daniel Porto Maravilha, um dos integrantes da quadrilha do Kiko e investigado pela Deic. A Polícia Militar se antecipou e cumpriu mandado de prisão solicitado pela Deic contra Maravilha.

Nenhum dinheiro foi encontrado entre os objetos apreendidos na Dragão (dois kits completos de maçarico, alavancas, três TVs compradas com dinheiro dos crimes, e três kits de kitesurf).

Três membros da quadrilha continuam foragidos, incluindo o terceiro líder, Charles da Silva Farias. Todos participaram nos arrombamentos de caixas na rodovia SC-401, Hospital de Caridade, Avenida Beira-Mar, Coqueiros e Estreito, na Capital, e em caixas de São José e Palhoça.

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Participaram da Oeração Dragão mais de 130 policiais da Deic, Central de Operações Policiais (COP), Delegacia de Repressão a Roubos, Delegacia de Homicídios, Serviço Aéreo Policial (Saer), 4ª, 8ª e 10ª delegacias da Capital, delegacias de Palhoça, de Itapema, da Divisão de Investigações Criminais de Balneário Camboriú e de Joinville.

Os presos

Marcos Antônio da Silva, o Kiko (responde processo por furto qualificado, formação de quadrilha e receptação);

Rafael José Dias, o Gordo (responde por receptação, porte ilegal de arma de fogo, furto qualificado e formação de quadrilha);

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Sandro Leal Moraes, o Picolé (responde processo por furto qualificado e posse de arma de fogo);

Cristiano Urbano Frider (tem condenação por formação de quadrilha e furto a caixa eletrônico em Seara);

Alessandro Alessandro Rosa Domingues (preso por tráfico de drogas em flagrante).

Os foragidos

Charles da Silva Farias (condenado por furto qualificado e receptação);

Claudio Augusto da Silva (responde processo por furto qualificado);

Josimar de Lima (tem duas condenações por assalto e responde por porte de arma. Está foragido de um presídio do Paraná).