Café para viagem, entregue em um balcão voltado para a rua, não é uma novidade nascida na pandemia. Mas as mudanças trazidas pelo coronavírus – como a necessidade de ambientes arejados, distanciamento social e baixo nível de contato entre cliente e vendedor – ajudaram alguns modelos de negócio a prosperar mais rapidamente. No caso de três redes de café em expansão em São Paulo, elas guardam a curiosidade de serem todas curitibanas: The Coffee, Go Coffee e Mais1 Café.
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A ideia da microcafeteria, que mede poucos metros quadrados e pode ser operada pelo próprio barista, existe em São Paulo desde pelo menos 2014, quando a barista Flavia Pogliani abriu o seu Little Coffee Shop, em Pinheiros. Ela atende, ela cobra, ela serve.
Inspirado em espaços como o de Flavia, o curitibano Luís Fertonani começou a desenhar a rede The Coffee em 2017, ao lado de dois irmãos, e abriu a primeira unidade em 2018 em Curitiba. Mas amplificou o autosserviço, que hoje, à luz da pandemia, faz ainda mais sentido: todo o atendimento é automatizado, com pedido via tablet e uma cobrança que não envolve dinheiro em papel. Para Fertonani, mais importante do que ser um café de porta (sem lugar para o cliente sentar) é ser uma cafeteria automatizada.
A rede Go Coffee, que abriu em outubro de 2017 em Curitiba, também desenhou seu modelo de negócios com atendimento de baixo contato social e balcão voltado para a rua, ainda que haja modelos de loja com ou sem lugar para se sentar.
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Já no fim de 2019 nasceu a rede curitibana Mais1 Café, que chegou à capital paulista no mês passado. Nas lojas, o pedido é feito num totem digital, com pagamento online, e o funcionário é o próprio barista. Com foco numa forte expansão de franquias, a Mais1 diz já ter comercializado até agora 128 unidades, sendo 15 confirmadas para abrir em São Paulo até o fim do ano. A meta para 2020 eram 100 lojas, expectativa agora dobrada para 200.
Para o empreendedor Gare Marques, sócio fundador e diretor de marketing da Mais1, a pandemia pode ter ajudado no negócio, mas o modelo enxuto e de fácil administração deve continuar atraindo mesmo pós-pandemia. “Nossa rede atraiu muito médico, engenheiro, gente tendo a cafeteria como segunda renda. Com dois funcionários (um em cada turno), ele comanda a operação a distância”, conta Marques.
No caso da Go Coffee, a rede não nasceu para expandir imediatamente. Foi um ano com uma loja só, e a expansão começou só em outubro de 2019. No último ano, foram 27 franquias comercializadas, que se somam às duas lojas próprias que ficam em Curitiba. Em São Paulo, a primeira unidade, já vendida, deve abrir até o fim do ano.
De acordo com o sócio-fundador André Henning, até o fim do ano a ideia é chegar a 40 ou 50 novas lojas comercializadas com franchising. Na rede, no entanto, o modelo de loja não é restrito a café de balcão e podem ter até 65 m². Ainda assim, o negócio inclui totem digital para pedidos.
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“A gente entendeu que nesse modelo de negócio (enxuto) o público ficou mais à vontade na pandemia, mas também há aqueles que querem entrar na loja, descansar um pouco. O momento do café é um momento de pausa. A gente foge do escritório para tomar um café e respirar um pouco”, conta.
De olho no mercado externo
A rede The Coffee, criada por Luís Fertonani e dois irmãos e que faz a sua própria torra dos grãos, tem um modelo de negócios que vai além dos concorrentes e passou a mirar expansão no exterior. Hoje, são 21 lojas (sendo 10 em São Paulo) e recentemente fecharam contrato com um ponto em Madri e em vias de fechar em Lisboa. Lá fora, a ideia é fazer um mix de franquia e loja própria.
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A estimativa é chegar até o fim do ano com 45 lojas abertas. Com investimento do fundo Monashees, a ideia é ter mais unidades de lojas próprias – a primeira rodada seed no Monashees ocorreu no fim de 2019 e agora a marca participa de uma segunda rodada, sem revelar valores.
Assim como a Go Coffe, os modelos de loja são variados, podendo comportar formatos como loja de shopping com mesas. Ainda assim, tudo com tablet e autoatendimento.
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“Todo mundo diz que estamos num formato feito para a pandemia, né? Negócio de porta, ninguém precisa entrar, enxuto. Todos os negócios que têm mesa foram prejudicados”, avalia Fertonani, de olho também no pós-pandemia. “As pessoas vão voltar a consumir em lugares fechados. O plano de fazer lojas com mesa é uma oportunidade, pois há pontos livres de negócios que fecharam na pandemia, pontos comerciais mais em conta que podem ser aproveitados, e a gente está aproveitando.”
Confira abaixo as características dos modelos de negócio:
Go Coffee
Desde outubro de 2017
Lojas de 4 m² a 65 m²
Unidades abertas: 29 (sendo 2 lojas próprias)
Investimento: a partir de R$ 75 mil (loja de 4 m²) ou a partir de R$ 120 mil
Mais1 Café
Desde dezembro de 2019
Lojas de 12 m² a 20 m²
Unidades abertas: 9 (sendo 2 em SP)
Investimento: a partir de R$ 110 mil
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The Coffee
Desde março de 2018
Unidades abertas: 21 lojas (sendo 3 lojas próprias)
Investimento: a partir de R$ 120 mil
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