O cantor e compositor Caetano Veloso prestou apoio ao professor demitido em Criciúma, no Sul de SC, após exibir um clipe de uma música para alunos do 9º ano de uma escola municipal. Na manhã desta sexta-feira (27), Caetano postou uma charge que critica a postura do prefeito Clésio Savaro (PSDB), que chamou o uso do vídeo em aula como um ato de “viadagem”.
Continua depois da publicidade
> Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo Whatsapp
No desenho, do artista independente BC Crew, há uma imagem do prefeito com a frase “não permitiremos viadagem” e, logo acima, um punho com as cores do arco-irís, representando a população LGBTQIA+, dizendo “homofobia é crime”.
Além da charge, Caetano também compartilhou uma foto do músico Criolo – autor da música e do clipe exibido pelo professor – que chamava as pessoas a participarem da Parada LGBTQIA+ que acontecerá neste sábado (28) em Criciúma. O evento será a partir das 14h, no Parque da Prefeitura.
> Criolo se manifesta sobre demissão de professor de Criciúma: “Lamentável”
Continua depois da publicidade

MP vai investigar o caso
O caso da demissão do professor veio à tona na quarta-feira (25), após o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, publicar um vídeo nas redes sociais justificando a atitude. Na publicação, o prefeito diz “essa viadagem na sala de aula nós não concordamos”, ao se referir ao clipe “Etérea”, do cantor Criolo.
O professor era temporário e teria reproduzido o clipe durante uma aula de artes para a turma do 9º da Escola Municipal Pascoal Meller.
Além de Caetano Veloso, Centenas de pessoas nas redes sociais repudiaram a atitude do prefeito. O próprio Criolo fez uma publicação se manifestando contra a atitude e chamando a demissão do professor de “lamentável”.
> Professor de Rio Negrinho deixa a cidade após ataque por trabalho sobre diversidade em escola
Depois de toda a polêmica, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) abriu um procedimento para apurar a conduta do prefeito. A investigação tem como objetivo identificar se a exoneração do professor correu dentro dos limites legais e se a demissão gerou “prejuízo à dignidade humana de caráter coletivo”, além de apurar se o município e a escola têm políticas públicas voltadas à diversidade, conforme prevê a legislação.
Continua depois da publicidade
Em nota, a prefeitura de Criciúma disse que as atividades em sala de aula são orientadas “a partir das Diretrizes Curriculares, por meio do Plano de Ensino Unificado”. Além disso, argumentou que o plano municipal reúne todos “os conteúdos que deverão ser ministrados junto aos estudantes” e reafirmou que “conteúdo inapropriado” apresentado pelo professor demitido estava “em desacordo com a proposta do Conselho Nacional de Educação”.
Veja o clipe de Etérea, do Criolo:
Leia também:
28 de junho: como é ser LGBTI em Santa Catarina?
Mais pichações em Criciúma; Polícia Civil analisa imagens
Após apologia ao nazismo, estudantes de Criciúma são suspensos de escola
Catedral de Criciúma é pichada em protesto contra fala do prefeito considerada homofóbica