Um relatório divulgado no final de abril pelo respeitado IBGE confirmou, em números, o que 6,2 milhões de pessoas já sabiam na prática: Santa Catarina é o Estado mais anfitrião do Brasil.

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Baseado no Censo de 2010, é possível constatar que um quinto de quem mora aqui o faz por escolha própria. Nasceram em outros estados ou em outros países, mas colocaram o dedo no mapa do Sul do Brasil e para cá se deslocaram. Entre 2000 e 2010, o maior crescimento do fluxo migratório do país ocorreu em direção a Santa Catarina (no mesmo período, o volume de migrantes para São Paulo caiu 10,6%).

A história do Estado está repleta de opções ilustres, como o do austríaco Andreas Thaler, que saiu do Tirol Austríaco em 1933 e se instalou na região Meio-Oeste, fazendo nascer ali uma cidade modelo chamada Treze Tílias, hoje com 6,3 mil habitantes.

Ou o caso do cientista alemão Fritz Müller, que em 1852, aos 30 anos, deixou a Pomerânia Ocidental, na Europa, para se instalar em Blumenau, onde aprofundou seus trabalhos em zoologia e botânica e se tornou mundialmente reconhecido no mundo da ciência.

Esses movimentos têm feito de Santa Catarina um Estado atípico, a começar pela diversidade de culturas. Sempre dispostas a acolher, as nossas cidades crescem com a ajuda do olhar de fora. São milhares de pessoas que a cada dia encontram aqui as condições para aperfeiçoar estudos, trabalhar, empreender e, o principal, constituir família e estabelecer laços.

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Veja-se, por exemplo, a pujante Balneário Camboriú, apelidada de Miami brasileira devido à geografia espetacular, fortaleza da construção civil, e à vibração impressionante de sua vida social. Nada menos do que 45% de seus habitantes não nasceram naquele paraíso. Florianópolis também é um desejo nacional, de todas as classes, viver para sempre na Ilha da Magia. E 30% já fizeram isso, como a minha família.

Os cinco cadernos denominados SC Abraça, que o Diário Catarinense encarta deste domingo até quinta-feira, têm a intenção de celebrar essa faceta: os 293 municípios são os melhores anfitriões do país. Nenhum outro local brasileiro tem atraído tantos sonhos.

Morar aqui tem vantagens geográficas únicas: em Santa Catarina, neva quase todos os anos, para deleite dos amantes do frio. E Santa Catarina é, ao mesmo tempo, cenário das mais belas praias brasileiras. Tem ainda a beleza dos cânions, cachoeiras e fontes de águas termais, nas regiões Sul e Serrana, além da exuberante Mata Atlântica, que acompanha toda a faixa do litoral.

Essas conjunções naturais, aliadas à acolhida habitual de seu povo, têm encantado milhares, como mostra o mosaico de migrantes e imigrantes que ilustra estas páginas. São catarinenses por adoção, como o palestino Issa Mizher, de Dionísio Cerqueira, cidade multicultural na fronteira com a Argentina e divisa com o Paraná. Há também os nascidos no Estado que apenas mudaram de cidade, como a artista plástica caçadorense Marlowa Pompermayer Marin, há anos abraçada por Chapecó. Ou ainda o russo Pavel Kazarian, diretor-geral do Bolshoi. Acostumado a Moscou, com 12 milhões de habitantes, Kazarian descobriu grande afinidade com a rotina de Joinville e suas coisas típicas: cultura trabalhadora, transporte por bicicleta e… a chuva frequente.

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Quando a gente é bem recebido, até as intempéries climáticas têm sabor especial.

Bom domingo.